Armadilha
Sempre houve quem se valesse da força, do convencimento ou do terror para subjugar pessoas, etnias ou comunidades. O acinte se altera no tempo, na história, variando o propósito, mas mantendo a atitude de escravizar com prepotência, pelo ódio.
Inúmeros episódios amplamente documentados dão conta de que povos sucumbiram a outros passando a os servir com trabalho, submissão e, não raro, com a própria vida.
São muitos os exemplos, como no tempo dos faraós, por etnia; a escravidão de negros nas Américas; o impiedoso genocídio, Holodomor, de ucranianos pela União Soviética; o massacre de judeus pelos Nazistas.
Frequentemente, o processo de dominação é mascarado, paulatino, como no conceito do “sapo cozido”, ou se apresenta tão habilidosamente travestido de bondade que muitos não se apercebem do risco e partem rumo ao abismo com um sorriso nos lábios, defendendo seus futuros algozes. Nesse processo, alguns poucos se tornam, eles mesmos, parte do mal que cerceará a liberdade, a luz de outros, inclusive daqueles a quem dizem amar.
Quando Hitler chegou ao poder, no início dos anos 1930, a Alemanha estava falida por arcar com o custo da guerra perdida, 1914-1917, ampliados pela quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. O ambiente era perfeito para o discurso falacioso daquele novo governo. Com homilia inflamada, absorvia atenções mesclando algumas verdades pontuais com falsidade apoteótica, acusações midiáticas e promessas mirabolantes, enquanto criava a fantasia perversa de um culpado irreal, porém tão humano quanto quaisquer dos alemães: o povo judeu. A propaganda era tão bem trabalhada que as pessoas, não judias, expostas massivamente à desinformação, alienadas em suas próprias carências, sucumbem à ignomínia de tentar justificar seus fracassos pelo sucesso alheio. Montou-se o palco: a miséria alemã, decorrente da
administração torpe de um governo incompetente; um culpado dócil: os hebreus; e um herói de fachada: o nazismo.
Num crescente de injustiças e violências praticados pelo partido, mesmo as pessoas de índole boa, são cooptados a agir como demônios até contra aqueles a quem amaram, a quem consideraram amigos.
Com raras e louváveis exceções, o povo alemão foi persuadido de que eliminar Pessoas com Deficiência, idosos e doentes, tornaria o país mais leve, produtivo e rico. Também, que não seria suficiente “extinguir” os judeus, era necessário tomar-lhes o sustento e fazer butim de tudo o que trabalho e empenho daquelas pessoas houvesse produzido.
Ainda que pareça muito distante da atualidade, importa observar que os nazistas foram vencidos em 1945, numa guerra de nível mundial. Todavia, outras aberrações, em outras plagas os sucederam com relativo sucesso. E sofrimento similar se abateu sobre outras populações, que perderam a liberdade, a
capacidade de se desenvolver como nação e o direito de escolha e de vontade. São nossos contemporâneos, como a Coréia do Norte, Cuba, Venezuela e Síria, entre outros.
O mais penoso, no entanto, é saber que há outros povos na direção desse abismo, mesmo com a eloquência de informações ao alcance da mão e a exposição de tão vastos exemplos do que se pode e deve evitar.
Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.
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