Nova cobra é identificada em gravação de série com Will Smith na Amazônia
Espécie gigante descoberta por cientistas e indígenas Waorani na região do Equador recebeu o nome de “Eunectes akayima”, ou anaconda-verde-do-norte
As anacondas são répteis aquáticos que vivem espalhados pela América do Sul. Elas estão entre as cobras mais pesadas e mais longas do mundo, além de serem extremamente rápidas. Uma das integrantes desse grupo é a já conhecida anaconda-verde (Eunectes murinus). Mas, agora, pesquisadores concluíram que essa criatura pode ser dividida em duas espécies diferentes.
As descobertas foram registradas em artigo publicado na revista científica Diversity em 16 de fevereiro, sendo este um estudo elaborado por cientistas e também pelo povo indígena Waorani, do Equador.
Os autores do trabalho diferenciam a anaconda-verde-do-sul, da espécie E. murinus, da anaconda-verde-do-norte, da nova espécie Eunectes akayima. A primeira ocorre na Bolívia, no Brasil, no Peru e na Guiana Francesa. Já a segunda pode ser vista na Colômbia, no Equador, na Guiana, na Guiana Francesa, no Suriname, em Trindade e Tobago e na Venezuela.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores fizeram uma expedição em 2022 ao território indígena Baihuaeri Waorani, localizado na Amazônia equatoriana. “Fizemos essa viagem a convite do líder Waorani Penti Baihua, e em colaboração com ele. O ator Will Smith também participou da expedição, como parte de uma série que ele está filmando para a National Geographic”, relata o pesquisador Bryan Fry em texto do The Conversation.
Durante dez dias, a equipe procurou as anacondas – que são consideradas sagradas pelos indígenas Waorani. Uma das fêmeas medidas apresentou 6,3 metros de comprimento. Além da mensuração, foram feitas coletas de sangue e de tecido das anacondas-verdes do Equador – e, para comparação, também da Venezuela e do Brasil. O processo foi documentado para a série Pole to Pole With Will Smith.
A partir desse material, foi possível concluir que as anacondas-verdes-do-norte são distintas das anacondas-verdes-do-sul. Essa divergência da anaconda-verde em duas espécies aconteceu há quase 10 milhões de anos.
E embora as cobras sejam aparentemente muito parecidas, há uma diferença genética de 5,5% – porcentagem que surpreendeu os cientistas. “É bastante significativo. Para se ter uma ideia, humanos diferem dos chimpanzés por aproximadamente 2%”, exemplifica Fry em comunicado.
“Até agora, as duas espécies têm sido abordadas como uma única entidade. No entanto, cada uma delas pode ter nichos ecológicos e áreas de distribuição diferentes e enfrentar ameaças diferentes”, observa o especialista em texto do The Conversation. “Estratégias de conservação personalizadas devem ser elaboradas para proteger o futuro de ambas as espécies”, defende.
Os pesquisadores chamam atenção para a importância das anacondas-verdes, que são fundamentais para a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Elas são predadoras de topo e a sua mera presença no meio ambiente já é suficiente para influenciar o comportamento de vários outros animais.
Porém, as anacondas também são muito sensíveis às mudanças ambientais. Por isso, devem ser feitos esforços para a sua preservação – que está ameaçada por atividades de agricultura e mineração que degradam a Amazônia, além dos incêndios, das secas e das mudanças climáticas.
*Com informações de Galileu