Mergulhadores chegam ao fundo de buraco azul do Caribe pela 1ª vez

Equipe explorou a região a bordo de submarino, chegando a 274 metros de profundidade

Levando em conta que pouquíssimo se sabe sobre que tipo de criaturas se escondem nas profundezas  do mar, mergulhar em um gigantesco buraco azul no meio do oceano não parece ser lá uma boa ideia. Contrapondo tudo isso, mergulhadores enfrentaram a aventura de ir pessoalmente averiguar o que há dentro do segundo maior buraco azul do mundo.

Batizado de Taam ja‘ (que significa “águas profundas”, na língua maia) e também conhecido como “Grande Buraco Azul”, essa cratera tem nada menos que 274 metros de profundidade, cobre uma área aproximada de 13.690 m² e representa uma das maiores incógnitas da América Central.

Foto: Youtube Geologyscience / Reprodução

Próximo à fronteira entre o México e Belize, em frente à Península de Yucatán, no mar do Caribe, os segredos escondidos nas profundezas do buraco foram revelados por mergulhadores em 2018.

Essa história, contudo, começa com Jacques Cousteau, ainda em 1960. O cineasta, oceanógrafo francês e ex-oficial da Marinha Francesa foi o responsável por tornar o Taam ja’ famoso no mundo todo. Ele próprio, contudo, nunca mergulhou nas profundezas da cratera oceânica, mas deixou essa missão para seu neto Fabien, que enfrentou o desafio ao lado do bilionário proprietário do Virgin Group, Richard Branson.

Foto: Youtube Geologyscience / Reprodução

Seis anos atrás, os dois viajaram para o fundo do Taam ja’ a bordo de um submarino e, à medida que a embarcação avançava, novas descobertas iam surgindo quase que instantaneamente.

O que há dentro do buraco azul do Caribe?

Durante a descida pelo buraco azul, não demorou para que a água começasse a escurecer e uma camada de sulfeto de hidrogênio (gás incolor, de cheiro desagradável, extremamente tóxico e mais denso do que o ar) pairasse sobre o submersível.

Aos poucos, a vida marinha bacteriana, de peixes e algas foi perdendo sua força e desaparecendo.

O que se seguiu logo após não supera o que veio no final, mas intrigou grandemente os mergulhadores: estalactites. Isso porque esse tipo formação rochosa sedimentar é mais comumente encontrada em ambientes terrestres, principalmente no teto de cavernas.

A poucos metros do solo, os mergulhadores se depararam, infelizmente, com lixo produzido por seres humanos — no caso, uma garrafa de vidro de dois litros e uma câmera do tipo GoPro.

Apesar de se surpreenderem com o alcance da poluição do mar, isso não chegou nem perto do que veio a seguir: dois corpos humanos.

A dupla de mergulhadores não mexeu nos corpos, mas informou o governo de Belize sobre sua existência. Acredita-se, até então, que se tratavam de dois mergulhadores que não conseguiram emergir.

Buracos azuis ainda são um mistério

Diferentemente das trincheiras marinhas, que resultam do movimento das placas tectônicas e podem atingir até 11 mil metros de profundidade, os buracos azuis formam-se gradualmente devido à entrada e saída de água salgada em solo de rocha calcária. O maior deles, chamado The Dragon Hole, está em Sansha Yongle, na China, com uma profundidade de 300 metros.

As informações do Taam ja’ as quais temos acesso atualmente (como tamanho, profundidade e etc) se devem a um estudo realizado em setembro de 2021, através de uma expedição ao buraco azul feita em conjunto por estudiosos e um pescador local, chamado Jesus Artemio Poot Villa.

Essa exploração submarina, no caso, foi realizada através de eco sondagem, perfis termohalinos, análise química de amostras de água coletadas e mergulho autônomo, que levaram os estudiosos à primeira documentação do local — mesmo sem irem até as profundezas da cratera oceânica.

*Com informações de Náutica

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