10 filmes importantes para refletir sobre racismo e Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é celebrado no dia 20 de novembro no Brasil, data escolhida como forma de homenagear Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, que faleceu neste mesmo dia, em 1695. Símbolo da resistência negra durante o período da escravidão no país, ele passou a representar o combate diário que não apenas a população preta, mas a sociedade como um todo precisa travar contra o preconceito e a discriminação racial.

E o cinema se tornou uma das principais armas contra o racismo e a intolerância. Não apenas por trazer histórias poderosas que mostram as diferentes caras dessa violência, mas por também ser uma grande ferramenta de afirmação, de luta por espaço e de valorizar a cultura afro e tudo o que ela representa.

Por isso mesmo, não faltam filmes que se encaixam perfeitamente ao Dia da Consciência Negra. São produções estreladas, dirigidas ou que abordam tudo aquilo que a data representa. São história, brasileiras e estrangeiras, que servem como uma reflexão para o racismo, que existiu e ainda existe em todo o mundo, e que encontram no entretenimento uma forma inigualável de fazer sua voz ser ouvida.

10. Faça a Coisa Certa

Em Faça a Coisa Certa, filme de Spike Lee, vemos a história de Salvatore “Sal” Fragione (Danny Aiello), um homem que é dono de uma pizzaria italiana no Brooklyn e que conta com os nomes de diversos artistas famosos homenageados na parede. Porém, um dos moradores da região, Buggin’Out (Giancarlo Esposito), se revolta porque há somente nomes de artistas italianos e brancos, afirmando que atores negros deveriam estar com seus nomes ali, já queo bairro é habitado principalmente pela comunidade negra.

É uma premissa que parece até bem boba, mas que mostra bem o apagamento da cultura negra e as tensões raciais que se escondem por trás de pequenos acontecimentos. Além disso, a repercussão causada pela revolta do personagem de Esposito se torna o estopim para que a discussão racial venha à tona, com vários moradores (brancos) do bairro passando a atacar os negros que querem se sentir representados.

9. Infiltrado na Klan

Também de Spike Lee, Infiltrado na Klan apresenta a história de Ron Stallworth (John David Washington), um policial que, em 1978, conseguiu se infiltrar em um grupo da comunidade racista Ku Klux Klan, mesmo sendo negro. Fingindo ser um simpatizante da seita, ele passa a se comunicar com membros do grupo extremista por meio de cartas e telefonemas, além de enviar outro policial branco em seu lugar quando precisa aparecer fisicamente em encontros.

Só que a verdadeira força do filme de Lee é mostrar como esse retrato da década de 1970 — e que é baseado em uma história real — segue sendo muito atual. Os discursos preconceituosos são incômodos e o diretor faz questão de mostrar que não são limitados apenas àquela época, lembrando que basta ligar a TV para encontrar situações muito parecidas.

Infiltrado na Klan pode ser assistido no Prime Video e para compra e locação no Google Play e iTunes.

8. Fruitvale Station

Fruitvale Station é um filme que mostra a luta de Oscar Grant, interpretado por Michael B. Jordan, um jovem de 22 anos que perde o emprego e esconde a informação da mãe de sua filha, Sophina (Melonie Diaz), por achar que é capaz de recuperar o trabalho. No entanto, a situação se complica quando o personagem acaba sendo vítima do racismo escancarado em uma noite que deveria ser de comemorações.

Também baseado em uma história real acontecida no Ano Novo de 2009, o longa escancara a violência policial nos Estados Unidos de forma bastante crua e tocante, mostrando a brutalidade que Oscar sofreu apenas por ser negro. Um dos melhores trabalhos de Jordan, o filme é dirigido por Ryan Coogler (Pantera Negra).

Fruitvale Station está disponível no Prime Video, Mubi e Paramount+.

7. Corra!

Em 2018, o diretor Jordan Peele lançou o filme Corra!, que conta uma história de racismo em formato de terror — mesmo que o preconceito já não fosse aterrorizante por si só. Na trama, o personagem Chris (Daniel Kaluuya) namora com Rose (Allison Williams) e eles viajam para conhecer a família da jovem em uma zona rural dos Estados Unidos. Porém, chegando lá, ele descobre que lidar com os sogros pode ser um horror bem maior do que poderia imaginar.

Peele cria quase uma fábula para construir esse terror que, na verdade, é assustadora apenas para o jovem negro. Cercado de brancos de meia idade que o veem quase como um produto — ou, pior, um animal que eles sonham em adquirir —, Chris se vê cada vez mais encurralado diante dessa visão de pessoas que admiram duas características, mas que também o desprezam de todas as formas possíveis. É um filme angustiante e genial.

Corra! está disponível no Prime VIdeo, Netflix, Star+, Paramount+ e Globoplay e para compra e locação no Google Play e iTunes.

6. 12 Anos de Escravidão

Vencedor do Oscar de Melhor Filme, 12 anos de Escravidão tem como cenário a vida de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um jovem livre e que vive com tranquilidade junto aos filhos e sua esposa no ano de 1841. A vida do rapaz muda completamente quando ele é sequestrado e vendido como um escravo, vendo a sua vida mudar por completo sendo uma vítima do sistema extremamente racista da época e que deixou sequelas na sociedade até hoje.

Trata-se de um retrato bastante poderoso da escravidão nos Estados Unidos, principalmente em um momento em que o próprio país estava dividido sobre o assunto. Com uma atuação impressionante de Ejiofor, é um filme que requer um pouco mais de estômago para ser assistido.

12 Anos de Escravidão pode ser assistido no Star+.

5. Malcolm X

Em Malcolm X, Denzel Washington conta a história de um dos principais nomes da luta contra o racismo nos Estados Unidos e, ao lado de Martin Luther King, um dos principais ativistas pelos direitos da comunidade negra no país durante as décadas de 1950 e 1960 — época em que o racismo era socialmente aceito por lá.

O filme retrata toda a transformação de Malcom X, apresentando desde a violência que sua família sofreu por causa do preconceito até como ele se tornou um dos nomes mais importantes dos EUA na questão racial. Ao mesmo tempo, apresenta como ele passou a ser visto como um inimigo de Estado por capitanear ideias consideradas radicais demais.

Você pode assistir a Malcolm X no ClaroTV+.

4. Cidade de Deus

Sucesso no início dos anos 2000, Cidade de Deus é até hoje um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, ele mostra a vida nas favelas do Rio de Janeiro na década de 1970, com foco na vida do fotógrafo Buscapé (Alexandre Rodrigues) e Zé Pequeno (Leandro Firmino), um traficante da região.

Além de ser uma grande história protagonizada por atores negros, o longa é um retrato das diferenças sociais — e que é parte do racismo estrutural brasileiro. Buscapé e Zé Pequeno são frutos dessa desigualdade brasileira e o filme mostra muito bem como, apesar de seguirem caminhos totalmente opostos, o racismo ainda delimita o destino desses dois jovens.

Cidade de Deus está disponível Prime Video, Netflix, Paramount+ e Globoplay e pode ser comprado e alugado no Google Play.

3. A 13ª Emenda

Neste documentário, a diretora Ava DuVernay reúne acadêmicos, ativistas e políticos para debater sobre a décima terceira emenda da Constituição dos EUA, que decreta o fim da escravidão, mas que deixa uma brecha usada para criminalização de negros no país como forma de manter a lógica escravagista ainda vigente.

De acordo com o texto, a escravidão é proibida de qualquer forma nos EUA, exceto como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido condenado. A partir disso, o filme mostra como todo o sistema carcarário americano é construído de forma a manter ainda o povo negro acorrentado e trabalhando de forma forçada sob um verniz legal bastante questionável.

A 13ª Emenda está disponível na Netflix.

2. Django Livre

Em Django Livre, o diretor Quentin Tarantino mostra a história de Django (Jamie Foxx), um ex-escravo que se une a Schultz (Christoph Waltz), um caçador de recompensas, para liberar outras vítimas da escravidão. E é em meio a essa jornada que eles se deparam com Calvin Candiue (Leonardo DiCaprio), um fazendeiro que se orgulha de tratar os negros de sua propriedade de forma cruel.

Construído quase como uma aventura com doses de comédia, Django Livre segue pelo arriscado caminho de mostrar o racismo como algo ridículo. O personagem de DiCaprio é uma caricatura dessa figura abjeta que vê o negro como algo inferior a um animal e se deparar com alguém como Django, um homem preto livre, é algo que ele simplesmente não aceita.

Ainda assim, o exagero que Tarantino utilizou para ridicularizar a discriminação gerou controvérsias. O diretor Spike Lee, por exemplo, classificou o longa como de mau gosto por considerar as falas e as situações uma espetacularização da violência racial.

Você pode assistir ao filme Django Livre na Netflix, Prime Video, Paramount+ e Globoplay. Ele também está disponível para compra e locação no Google Play, Microsoft Store e iTunes.

1. Eu Não Sou Seu Negro

Eu Não Sou Seu Negro é um documentário do diretor Raoul Peck que se baseia no livro de James Baldwin para explicar o que significa ser uma pessoa negra nos Estados Unidos. O filme de 2016 faz um passeio pela visão de vários pensadores da questão racial no país, incluindo Malcolm X, Martin Luther King e Medgar Evers. Só que, mais do que isso, o longa se debruça sobre como o preconceito aparece hoje na sociedade e busca entender suas raízes ao mesmo tempo em que demonstra suas consequências na vida cotidiana.

Com narração de Samuel L. Jackson, ele é um trabalho bastant aprofundado e olha para a questão racial de praticamente todos os lados, dando um panorama bastante completo dessas cicatrizes ainda bastante evidentes na sociedade.

Eu Não Sou Seu Negro está disponível no Globoplay.

É importante ressaltar que o racismo é crime com base na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”.

Denúncias da prática de racismo na internet podem ser feitas em delegacias especializadas, no portal Safernet ou pelo Disque 100.

*Com informações de Canal Tech

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