Quem é Jeannine Marois, a mulher à frente do Mondial de la Bière, festival internacional de cerveja

Jeannine é a alma e o coração do Mondial de la Biére que em outubro chega à 10ª edição no Rio de Janeiro

Entre 11 e 15 de outubro acontece o Mondial de la Bière no Rio de Janeiro com uma edição especial, que volta ao Píer Mauá. O maior festival de cerveja artesanal da América Latina vai reunir mais de 100 cervejarias, 30 restaurantes e estima um público de 50 mil visitantes.

A comandante de tudo isso é Jeannine Marois, o coração e a alma do importante festival que acontece há 29 anos e comemora 10 anos da edição carioca.

O Mondial de la Bière foi fundado em Montreal, no Canadá, em 1994 por três amantes da cerveja, entre eles, Jeannine Marois, presidente do evento desde 2002. Uma apaixonada em um mundo inicialmente masculino, Jeannine é determinada e totalmente focada em seu projeto. Ao longo dos anos, conseguiu reunir uma degustação única e amigável, considerada uma porta de entrada para a indústria cervejeira de Quebec e do mundo.

Além de um elaborado lado profissional, com a escola Mbeer de beerology e o concurso Greg Noonan Mbeer, o festival visa também oferecer uma educação sobre a cerveja e convida aos consumidores a descobrirem novos sabores e saírem da zona de conforto.

Ao apresentar a primeira edição do Mondial de la Bière em Estrasburgo (Europa, outubro de 2009), Jeannine Marois tornou-se membro do seleto clube dos quebequenses proeminentes no cenário internacional por causa de sua criatividade e da qualidade de seu trabalho. Hoje, o Mondial de la Bière acontece no Canadá, na França, e no Brasil, sediado no Rio de Janeiro.

Mondial de la Bière chega à 10ª edição no Rio de Janeiro / Divulgação

Recém-saída da escola, em 1988, Jeannine Marois fundou a empresa de marketing Marois Conception Visuelle, especializada em comunicação, marketing, design gráfico, gerenciamento de projetos e consultoria estratégica.

Nos últimos vinte anos, ela conduziu com sucesso várias dezenas de tarefas para um grande número de clientes, entre eles: Montreal Alouettes; Ale Street News; o escritório Québécois de la Langue Française; Communications Canada; Hydro-Québec; Radio-Québec; Ville de Montréal; Serviço de Atividades Culturais da Universidade de Montreal; Federação das Cidades de Deserto; Desjardins; Everest Relation Publique; Copilote; Métatechno etc.

Jeannine dá palestras sobre gestão de pequenos negócios e organização de eventos e também trabalhou como consultora de marketing e comunicação. Ela é responsável pelas relações internacionais do Mondial de la Bière e conduz as missões econômicas no exterior.

Segue pingue-pongue que fizemos com ela sobre sua trajetória e os 10 anos de Mondial no Rio e já adiantamos…Loira, vermelha, marrom ou preta, Jeannine, a apaixonada, não tem preferência quando se trata de cerveja, desde que seja lupulada!

CNN V&G: Conte-nos sobre sua relação com o Brasil e o Rio? Você vem com frequência? Quais são os seus lugares e programas preferidos no país e na cidade?

O Mondial de la bière de Montreal sempre importou cerveja de vários países e o Brasil foi citado por um amigo que estava na América do Sul a trabalho. Ele me apresentou a um de seus amigos que morava em São Paulo (Marc Galichan) e se tornou nosso contato para nos ajudar a importar cerveja do Brasil. Atualmente, trabalha na divulgação da Bodebrown, marca curitibana. Já estávamos na Europa em Mulhouse, na Alsácia, França, na época.

Fomos procurados pelo Festival de Blumenau para fazer uma colaboração no Brasil. Depois, viajando para São Paulo, em 2011, tive a oportunidade de ter uma reunião com a FAGGA e também no próximo Mondial em Montreal em 2012. Recebi uma oferta da FAGGA (Victor Montenegro) para desenvolver o Mondial de la bière no Brasil. A escolha final foi o Rio de Janeiro.

Desde 2010 venho ao Brasil uma ou duas vezes por ano. E cada vez tentamos visitar uma nova área. Fomos para Curitiba, Pinhais, Ribeirão Preto, Blumenau, São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Búzios, Saquarema, Guapimirim e muitos lugares do Rio…. A cada ano alugamos um apartamento em uma parte diferente da cidade: Santa Teresa, Copacabana, Lagoa, Ipanema, Leme e, em São Paulo, ficamos no Jardim Paulistano, Pinheiros e muito mais. Adorei todos os lugares que fui.

CNN V&G: Como surgiu a sua ligação com o mundo da cerveja artesanal?

Criei minha empresa de marketing e gráfica em 1989 e fui convidada a colaborar em um estudo para descobrir se seria uma boa ideia iniciar um festival de cerveja. Fizemos o estudo e confirmamos que havia uma boa oportunidade para iniciar esse empreendimento. O cliente me pediu para fazer parte do projeto como parceiro e eu aceitei. Juntos, co-fundamos o evento.

Anteriormente, uma das minhas atribuições era promover um grande evento em Montreal – o Salon des Métiers d’art (feira de artesanato). Foi aqui que ganhei minha experiência em organização de eventos.

CNN V&G: Aponte uma diferença que você percebe entre os mercados de cerveja canadense e brasileiro. E uma semelhança?

No início o mercado era muito diferente. No Brasil, o movimento artesanal estava apenas começando quando chegamos em 2013 com o Mondial de la Bière e agora ele realmente se tornou tão grande quanto na América do Norte. Acredito que agora os cervejeiros de todo o mundo são influenciados pelo mesmo estilo. Mas os cervejeiros brasileiros desenvolveram estilos próprios com frutas, madeira e como exemplo o azedo catarinense. Por isso ainda tenho interesse em importar cerveja do Brasil, porque ainda são diferentes dos estilos que temos.

Ano que vem o Mondial de la Bière Montréal terá sua 30ª edição (perdemos 2020 por conta da pandemia) e esperamos ter um pavilhão do Brasil para comemorar esse evento e esperamos que alguns dos cervejeiros possam vir a Montreal e estar lá para conversar sobre sua cerveja. Compraremos a cerveja e ofereceremos o espaço gratuitamente. Tudo o que pedimos é que os cervejeiros venham e paguem a passagem e a hospedagem.

CNN V&G: Para você, qual a situação ou momento perfeito para experimentar uma cerveja nova?

Honestamente, a qualquer hora. Gosto de saborear pequenas porções depois de escolher o que quero beber neste momento do dia. Além disso, se eu tiver escolha, tentarei provar cerveja à pressão se o local tiver uma boa reputação de manter as torneiras limpas. O que adoro no festival é que você tem uma ótima escolha e pode explorar cervejas todos os dias começando pelos estilos mais leves e progredindo.

CNN V&G: Você tem rótulos preferidos no Brasil?

Vai mais pela cerveja do que pelos rótulos. Às vezes gosto de uma pilsner fresca ou azeda, bem diferente, e também posso experimentar cerveja envelhecida em barril dependendo da sensação do momento.

CNN V&G: O que você espera desta festa de 10 anos do Mondial de la Bière no Rio?

Espero que a volta ao Pier Mauá seja uma abordagem mais gastronômica, que traga um público mais amplo para descobrir a cerveja. Espero que alguns cervejeiros tenham feito uma cerveja especial para o 10º aniversário. Espero também que esse sucesso nos permita desenvolver o Mondial de la Bière em São Paulo e em Salvador, Bahia, onde acreditamos que teria sucesso.

CNN V&G: Conte-nos sobre uma situação incomum que você viveu trabalhando no setor cervejeiro?

Uma das coisas mais interessantes do festival no setor cervejeiro é o quanto ele criou vínculos entre os cervejeiros e os interessou em colaborar juntos. Quando começamos, eu não esperava que o evento se tornasse um ótimo lugar para fazer negócios entre cervejeiros dentro e fora do Canadá. O concurso MBeer também desenvolveu esse sentimento internacional para o evento. Esta é a parte que mais adoro – descobrir outras pessoas nas suas cervejarias e partilhar a sua paixão.

CNN V&G: Ainda é um problema ser uma mulher líder na indústria cervejeira?

Cada vez menos! O importante é ser competente no que está fazendo. A comunidade sempre respeita as pessoas que são competentes e respeitam as pessoas ao seu redor e isso não é diferente no setor cervejeiro.

*Com informações de CCN

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