BIENAL E REMEMORAÇÕES NA INDEPENDÊNCIA

Há dias foi inaugurada a 35ª Bienal de Arte de São Paulo, e o que agora me deixa perplexo é imaginar que há setenta anos, na gloriosa década de 1950, eu estive presente na primeira edição desse importante evento, no simbólico prédio de Niemeyer, no então recém-aberto Parque do Ibirapuera, em São Paulo. O simbólico prédio era, como ficou conhecido depois, uma calota emborcada de VW, ao lado do obelisco do IV Centenário da Cidade. Outras estreias, como o primeiro Salão do Automóvel, a primeira Feira de Utilidades Domésticas, a UD, além de diversas outras atividades esportivas e culturais desde então vêm ocorrendo no grande parque incrustado na região dos Jardins. A minha perplexidade tem razão de ser, pois já se passaram tantos anos e a exposição artística permanece tão viva, atraente e reveladora de grandes talentos brasileiros e internacionais contemporâneos. Este é um acontecimento precioso na minha vida de artista contido, com parcos desenhos e raríssimas pinturas em aquarela e a óleo que algumas vezes me inspirei a fazer. E com esses guardados, aliás não guardados, me motivo novamente a me meter na arte pictórica só para ver o que acontece. Sou o mais otimista dos homens e assim, quem sabe, não sou convidado a expor na próxima Bienal, vivo ou post-mortem? Brincadeiras à parte, já fico feliz, somente, por ter uma variedade enorme de acontecimentos ocorridos na minha agitada vida, que consigo vir relatando nestas mal traçadas, para distrair os aposentados que, como eu, vivem rememorando o passado com alegria e descontração.
Curioso é que hoje, 7 de setembro de 2023, estou animado a dar uma chegada até a Av. Afonso Pena para ver o desfile militar, que assisti quando menino, de mãos dadas com a minha querida irmã Lúcia e com os meus queridos tio Zé e tio Tonico. Quem sabe as almas dos três não me acompanham até lá? Vou convocá-las.
Belo Horizonte, 7 de setembro de 2023.

Roberto Hermeto Brandão – advogado e professor aposentado
Email: robertohbrandao@gmail.com