Drogas psicodélicas podem sincronizar neurônios
Drogas psicodélicas (como o LSD e cetamina) podem sincronizar neurônios. Pelo menos, é isso o que afirma um estudo conduzido por uma equipe da Lund University e publicado na revista Communications Biology. No experimento, feito em roedores, os pesquisadores mediram simultaneamente os sinais elétricos de 128 áreas do cérebro.
Essas ondas elétricas são causadas pela atividade cumulativa em milhares de neurônios, mas os pesquisadores também conseguiram isolar sinais de neurônios individuais. Na prática, o estudo revelou uma sincronização inesperada e simultânea entre neurônios em várias regiões do cérebro.
Apesar da cetamina e do LSD afetarem diferentes receptores no cérebro, o caminho no sistema nervoso é diferente. Quando os ratos receberam LSD, os pesquisadores viram que seus neurônios foram inibidos em todas as partes do cérebro.
A cetamina mostrou um efeito semelhante nos grandes neurônios que tiveram sua expressão inibida, enquanto os interneurônios (neurônios menores, coletados apenas localmente no tecido) aumentaram sua sinalização.
“A atividade nos neurônios individuais causada pela cetamina e pelo LSD parece bem diferente e, como tal, não pode ser diretamente ligada à experiência psicodélica. Em vez disso, parece ser esse fenômeno de onda distinto, como os neurônios se comportam coletivamente, que está mais fortemente ligado à experiência psicodélica”, apontam os pesquisadores em comunicado divulgado pela instituição.
Atividades dos neurônios
Os pesquisadores ainda revelam que “a atividade dos neurônios se sincroniza de uma maneira especial, e as ondas no cérebro sobem e descem essencialmente simultaneamente em todas as partes do cérebro”. Em suas palavras, isso sugere que existem outras maneiras pelas quais as ondas são comunicadas além das sinapses químicas, que são relativamente lentas.
O grupo admite que é difícil saber se as ondas causam alucinações ou são apenas uma indicação delas, mas que pelo menos é possível ver um padrão de oscilação muito específico em ratos que podem medir, então espera-se que essa relação seja investigada mais a fundo em futuros estudos.
Efeitos de drogas psicodélicas no cérebro
Diversos estudos vêm destacando efeitos de drogas psicodélicas no cérebro. Para se ter uma noção, em novo estudo publicado na Neuropsychopharmacology neste ano, pesquisadores passaram a testar os efeitos terapêuticos da mistura de LSD e MDMA. A descoberta é que essa mistura pode aumentar os impactos positivos no humor e diminuir a ansiedade associada à resposta do LSD.
Em paralelo, cientistas brasileiros destacaram em 2022 um potencial do LSD em reativar a cognição. As descobertas foram publicadas na Experimental Neurology. Os autores do estudo concluíram que a substância aumenta a plasticidade neural nos organoides de neurônios humanos, aumenta a preferência e melhora a memória visuo-espacial.
Segundo outro estudo de 2022, drogas psicotrópicas “reabrem” o cérebro para novos aprendizados. Os pesquisadores apontam que essas substâncias agem nos “períodos críticos”, que são janelas cruciais de desenvolvimento e aprendizado no cérebro. Durante períodos críticos, o cérebro é altamente capaz de aprender habilidades específicas, como a linguagem.