Aula de confecção de fantasias é um aperitivo para o Carnaval
Com os desfiles das escolas de samba marcados para abril, o carnavalesco Milton Cunha, do Rio, dá aulas na cidade sobre a produção de adereços
Uma oficina de fantasias com integrantes das escolas de samba do Distrito Federal é um aperitivo para o desfile de Carnaval do DF, no mês de abril. E as aulas são ministradas por gente que entende: o carnavalesco Milton Cunha, pesquisador e comentarista da festa carioca, está na cidade para os preparativos. O aprendizado é feito em uma das salas do Eixo Cultural Ibero-americano (antiga Funarte), espaço que já está tomado por fantasias e adereços que vão abrilhantar a festa em Brasília.
A aulas de produção desses adereços é um projeto fomentado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) chamado Escola de Carnaval, orçado em R$ 300 mil. Na realidade, as atividades do ateliê são a parte final da proposta que, desde o ano passado, vem capacitando e articulando a organização da cadeia produtiva das escolas de samba locais. Desde 2015, Brasília teve os desfiles interrompidos e o Carnaval deste ano é mais do que esperado nos barracões das escolas.
Carnavalesco reverenciado no país, Milton começou na Beija-Flor, em 1994, e foi aluno de Joãosinho Trinta. Para Milton, a capital está no caminho certo quando se fala de Carnaval. “Para mim, Brasília é a terceira cidade brasileira que olha com ‘olhos profissionais’ as comunidades de escolas de samba. Além do Rio e São Paulo, logicamente, creio que Brasília está na frente das outras capitais”, observa.
“Vale lembrar que o Carnaval conta a história das comunidades. E, assim, vim com outras figuras do Rio de Janeiro trazer um pouco da nossa expertise”, diz.
As aulas são gratuitas e vão até a próxima sexta-feira (31). São direcionadas para um público-alvo: pessoas ligadas às escolas de samba do Carnaval do DF.
Plumas, paetês e belos adereços se espalham nas mesas instaladas no ateliê. E as atividades inspiram pessoas que vivem o Carnaval de Brasília há um bom tempo, como Rosângela da Silva, 42 anos, conhecida como Madona. A artesã participa há 20 anos da festa local, seja produzindo alegorias, desfilando ou deixando suas dicas. “Isso aqui é um aprendizado enorme pra gente. A gente passa a pensar fantasias de uma forma diferente. Aprendi a aproveitar materiais, que antes iam pro lixo, e a usar novos conceitos”, conta. “Carnaval pra mim é tudo”, diz Madona, que já trabalhou para a Aruc e a Acadêmicos da Asa Norte.
“Estou amando a oficina. Eu que produzo peças para o balé, agora estou ‘migrando’ para o Carnaval”, brinca a aluna Francis Barros, 60 anos, moradora do Jardim Botânico.
E para quem pensa que escola de samba não tem muito a ver com Brasília, a história é diferente. “Precisamos valorizar essa manifestação cultural tão importante para a cidade. O Carnaval se confunde com a história da cidade. Antes mesmo da inauguração de Brasília, no ano de 1959 , o aniversário de Juscelino [Kubitschek] foi na Cidade Livre em um baile com a participação do Salgueiro”, revela a subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural da Secec, Sol Montes.
Treze escolas ganharão a avenida
O Carnaval de Brasília terá o desfile de 13 escolas este ano – seis no grupo especial e mais sete no de acesso – e será realizado nos dias 21 – aniversário da cidade – e 22 de abril.
Serviço
Oficina de confecção de fantasias de Carnaval
Data: Até 31 de março
Horário: Das 14h às 22h
Local: Eixo Cultural Ibero-americano, Sala Fayga Ostrower (Eixo Monumental)
Participação gratuita, mediante inscrição
*Com informação de Agência Brasília