Cilindro de Ciro: A história por trás de uma das mais intrigantes descobertas da humanidade
Escavado na Babilônia em 1879, o Cilindro de Ciro foi inscrito sob ordens do rei Ciro, o Grande, lembrado até hoje como um governante ideal
Semanalmente, é possível se de parar com uma notícia relacionada a uma nova descoberta arqueológica, em diversos lugares do mundo. Relevantes para as pesquisas atuais, muitas vezes comprovam algo que já se sabia sobre a cultura e tradição de um determinado povo antigo ou descobrir novas informações. Em 1879 foi encontrado, na Babilônia, o que viria a se tornar um dos achados mais importantes de toda a história da humanidade: o Cilindro de Ciro.
Um dos símbolos mais famosos da antiguidade, o Cilindro de Ciro foi inscrito em cuneiforme babilônico a mando do rei persa Ciro, o Grande, após ter capturado a Babilônia em 539 a.C.. O antigo registro marca o estabelecimento do domínio persa e também registra como Ciro restaurou santuários e permitiu que povos deportados voltassem para casa.
Apesar de nem mesmo mencionado, muitos estudiosos acreditam que foi no mesmo período em que os judeus retornaram a Jerusalém para construir o Segundo Templo, conforme registrado na Bíblia. O Cilindro e outras 16 obras relacionadas refletem as inovações iniciadas pelo domínio persa no antigo Oriente Próximo (550 – 331 a.C.) e traçam um novo caminho para este império, um dos maiores que o mundo já presenciou.
Documento de governança
O Cilindro de Ciro, que originalmente possuía forma semelhante a de um barril, foi danificado ainda no momento em que foi descoberto, ou pouco depois disso, sendo composto por diversas peças fixadas entre si. Do total dos escritos, falta pouco mais de um terço no objeto.
De acordo com o site do Museu Metropolitano de Arte, localizado em Nova York, nos Estados Unidos, a forma cilíndrica era típica de inscrições reais no passado, geralmente enterradas nas fundações de edifícios e muralhas da Mesopotâmia no primeiro milênio a.C., sendo uma forma padrão utilizada em proclamações.
Além do fragmento maior encontrado na Babilônia no século retrasado, outros dois fragmentos do Cilindro de Ciro foram identificados posteriormente no Museu Britânico. Um deles possui as linhas 34 à 37 do texto, acrescentando algumas informações importantes que faltavam, enquanto o outro contém material novo tanto do início quanto do fim da inscrição do Cilindro, incluindo o nome do escriba que escreveu ou copiou aquela tabuinha.
“Ciro, rei do mundo, rei de Anshan, filho de Cambises, rei de Anshan. Os grandes deuses entregaram todas as terras em minhas mãos e fiz esta terra habitar em paz”, está estampado na tabuinha contendo a inscrição babilônica. Aquele foi, porém, somente um dos inúmeros tijolos impressos utilizados na construção de edifícios reais.
Ciro, o Grande
Ciro II, mais conhecido como Ciro, o Grande, ou até mesmo Ciro, o Presbítero, pelos gregos, foi rei e fundador do Império Aquemênida, por vezes referido como Primeiro Império Persa. Situado no sudoeste da Ásia e Ásia Central, onde hoje se situa partes do Irã, da Turquia, do Paquistão, da Trácia e da Macedônia, o império hoje é conhecido também pela própria maneira como o rei governou.
Isso porque hoje o Cilindro de Ciro é considerado “a primeira declaração dos direitos humanos”. Em outubro de 1971, a família real iraniana chegou a levar uma réplica do objeto à sede das Nações Unidas em Nova York, traduzido para os seis idiomas oficiais da ONU, onde está em exibição ainda hoje.
Além do mais, embora o Cilindro não tenha sido concebido de fato como um documento que visasse garantir os direitos humanos — a ideia de direitos humanos sequer existia na época —, ele adquiriu um significado especial para a Babilônia; e foi Ciro quem teria encerrado o cativeiro em seu primeiro ano como rei persa na Babilônia.
Sua influência foi tamanha que, admirado pelo historiador grego Heródoto, foi tema da chamada Cyropedia de Xenofonte, onde é apresentado como um governante ideal. A obra, por sua vez, foi e é estudada até hoje por diversos estudiosos e políticos.
saga de Ciro, o Grande, e a descoberta arqueológica é tema do vídeo do professor de História Vítor Soares, que é idealizador do podcast ‘História em Meia Hora’ e parceiro da Aventuras na História no podcast ‘Desventuras’. Confira:
*Com informações de Aventuras na História