“Universos de Augusto Corrêa” traz arte, diversidade e inclusão para a CLDF
Brasiliense nascido no ano 2000, Augusto Corrêa é um artista autodidata com uma predileção por bolinhas e outros elementos coloridos, como traços e formas orgânicas, que criam padrões, remetendo a momentos do abstracionismo na arte. Às vezes, parece que estamos diante de cidades vistas de cima, noutras há sensação de movimento graças ao formato “ameboide” de algumas formas. Mas, há muito mais na sua produção, que poderá ser vista, em parte, numa mostra que abre nesta terça-feira (14), às 19 horas, no Espaço Cultural Athos Bulcão da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Com Síndrome de Down, ele começou a desenvolver seus trabalhos aos sete anos de idade. De lá para cá, já assinou mais de cinco centenas de quadros, que, além de frequentarem paredes, foram licenciados para projetos de moda e decoração. Na CLDF, estarão expostas telas em tamanhos variados, incluindo grandes formatos, que, digitalizadas, ampliam obras realizadas na sua infância. A exposição lembra ainda a passagem do Dia Internacional da Síndrome de Down, instituído pela ONU e comemorado em 21 de março.
No papel e com uso de canetas do tipo “hidrocor”, Augusto Corrêa também evidencia que a Síndrome de Down é causada por uma alteração genética provocada por uma divisão celular atípica. Pois, suas obras, repletas de círculos, podem se parecer com um painel de células ou partículas entre as quais ocorre uma série de processos. Esse fato está implícito no título da mostra – “Universos de Augusto Côrrea” –, cujo curador é o fotógrafo e galerista Celso Jr., pois cada quadro pode ser “lido” de variadas maneiras, dependendo do repertório e da sensibilidade do visitante.
Alumbramento
A obra do artista tem chamado a atenção de diversas maneiras. Inclusive de artistas consagrados, como o mineiro Carlos Bracher, que escreveu: “Por vezes há assim seres geniais que nos alumbram a vida e nos provam a equação humana sob as vestes divinas. Quem somos nós a entender os vastos mistérios entre a terra e as aleluias? E o Augusto é, em essência, a própria entidade a revelar-nos as extremas sintonias a que possamos compreender a alma e o espírito.”
O artista já expôs no Senado, em duas ocasiões: em 2015, na mostra “Bolhas”; e, no ano seguinte, “Uma viagem ao fundo do mar”. Outra de suas incursões – “Viagem Espacial” – foi apresentada no Espaço Cultural do Tribunal de Contas da União, em 2019. Mesmo que de maneira não intencional, os trabalhos de Corrêa, estejam estes relacionadas ao ambiente submarino ou ao espaço sideral, aproximam-se dos (multi)universos de uma artista que adotou bolinhas e a repetição como tema, a japonesa Yayoi Kusama (1929), que expôs, inclusive, obras imersivas, no CCBB, em Brasília.
A exposição “Universos de Augusto Corrêa” – que, ao mesmo tempo, trata de arte, diversidade e inclusão – prosseguirá em cartaz, na CLDF, até o dia 23 deste mês, com visitação gratuita, de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.
Exposição “Universos de Augusto Corrêa”
Espaço Cultural Athos Bulcão
Câmara Legislativa do Distrito Federal
Visitação: até 23 de março de 2023
Horário: 9h às 19h, de segunda a sexta-feira
Classificação indicativa: livre para todos os públicos
Entrada Franca
Marco Túlio Alencar – Agência CLDF