Comidas italianas que existem no Brasil, mas não na Itália

Palha italiana, bife à parmegiana e pizzas exóticas são pratos que italianos nunca viram

Reza a lenda que toda vez que alguém coloca ketchup na pizza, a torre de Pisa dá mais uma inclinadinha. Brincadeira à parte, a culinária italiana é tão apreciada no mundo que cada país a reinventou de acordo com os ingredientes à disposição e os hábitos alimentares.

Algumas receitas sofreram muitas alterações ao ponto de ficarem irreconhecíveis, enquanto outras foram criadas do zero, mas receberam um verniz italiano que sempre ajuda no marketing gastronômico.

Selecionamos algumas, confira.

Molho à Bolonhesa

Bologna, no centro da Itália, é uma verdadeira Meca da gastronomia. A cidade é conhecida por dois apelidos: a “dotta”, isto é, a erudita porque é sede da universidade mais antiga do mundo, fundada em 1088; e a “grassa”, ou seja, gorda, pela fartura da sua culinária, desde sempre garantida pela fertilidade da terra que a cerca.

Como o próprio nome diz, o molho à bolonhesa é original de Bologna, mas a história é um pouco mais complicada. A receita original foi registrada na década de 1980, quando o mundo já tinha se apropriado do bolonhesa, cada país à sua maneira.

A receita que os brasileiros conhecem é similar à da Itália, mas o original é chamado ragu e utiliza bem mais ingredientes que carne moída, molho de tomate e cenoura. O italiano é elaborado com três tipos de carne, bacon, manteiga, cenoura, cebola, aipo, ervas, alho, vinho branco e leite. Outra diferença fundamental é que na Itália a massa que acompanha não é espaguete, mas tagliatelle.

Curiosamente, segundo a publicação Il Gambero Rosso, até o início do XX século, o molho à bolonhese era enriquecido com espinafre salteado na frigideira e servia para condimentar lasanha e outros formatos de massas curtas assadas ao forno. Antes disso foi, por longo tempo, um ragu branco, ou seja, não levava tomate.

Já o clássico Spaghetti à Bolonhesa nasceu no início do século XX nos Estados Unidos, onde não havia a mesma cultura italiana de produzir massas frescas, como o tagliatelle.

Pizza com coberturas exóticas

Frango com catupiry, estrogonofe e batata palha, e Portuguesa, só para citar alguns sabores que fazem sucesso por aqui, são pizzas que um italiano nunca viu na vida. Mas não se surpreenda. Pizzas doces, como a de chocolate, também podem ser encontradas por lá, assim como uma combinação nada comum por aqui: salsicha e batatas fritas.

Não existe um único tipo de pizza na Itália. Há muitos estilos que variam de acordo com a cidade, mas o que tornou a iguaria conhecida no mundo é a pizza napolitana que é, inclusive, Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Nos últimos anos, a pizza napolitana passou por uma verdadeira revolução e, ao lado, do preparo tradicional vem se difundindo em toda a península, a chamada pizza napolitana contemporânea.

Por décadas, a pizza napolitana se manteve imutável: caracterizada por ser fina ao centro e com borda alta, sempre foi elaborada com farinhas muito refinadas, como o tipo 00, fermentações rápidas, cocção no forno à lenha e, nem sempre, recheada com ingredientes de qualidade – muitas pizzarias de Nápoles a finalizavam com óleo, ao invés que azeite.

Agora, a nova geração de pizzaiolos aposta em farinhas menos refinadas e, portanto, mais saudáveis, longas fermentações naturais para aumentar a digestibilidade e fornos elétricos ou a gás, rompendo com a tradição do forno à lenha que, se mal utilizado e não limpo adequadamente, solta fumaça tóxica e queima as redondas.

Palha italiana

Se você espera encontrar palha italiana na Itália está enganado. O doce feito com brigadeiro e bolacha e que tanto sucesso faz no Brasil é desconhecido aos italianos. Provavelmente, a palha italiana é uma reinvenção brasileira de algum doce italiano, como o salame de chocolate, elaborado com bolacha maria e em formato de rolo.

 — Foto: Divulgação Paganini
— Foto: Divulgação Paganini

Bife à Parmegiana

Pode percorrer à Bota de cabo a rabo sem encontrar um único restaurante que sirva bife à parmegiana, carne empanada imersa no molho de tomate e coberta com muçarela derretida.

A origem do prato é desconhecida, mas tudo indica que foi criado no Brasil, provavelmente em São Paulo, como reinvenção da cotoletta alla milanese, bife empanado típico de Milão.

Se for pedir parmigiana na Itália, o garçom vai lhe trazer uma lasanha de berinjela. Apesar do nome, o prato não tem origem em Parma, capital do queijo parmesão, mas nasceu na ilha da Sicília. A palavra siciliana parmiciana indica as janelas persianas, cujas tiras lembram as camadas da lasanha.

Divulgação Paganini
Divulgação Paganini

Rondelli

Aquele delicioso enrolado com recheio que atende pelo nome de Rondelli também não nasceu na Itália, mas lá há massas lá que se assemelham ao modelo da brasileira, como “rotoli” ou “rotolini” (massa coberta de recheio e enrolada como rocambole, geralmente de ricota e espinafre, servida em fatias). Esses pratos são típicos das regiões Trentino Alto Adige e Friuli-Venezia Giulia, no nordeste do país.

*Com informações de G1

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