Meu Tio Pedro

Meu tio Pedro estava bem de saúde, até que sua esposa, minha tia Mirocas, a pedido de sua filha, minha prima Totinha, disse:
-Pedro, você vai fazer 70 anos, está na hora de fazer um check-up com o médico.

  • Para quê, estou me sentindo muito bem!
    -Porque a prevenção deve ser feito agora, quando você ainda se sente
    jovem, disse minha tia.
    Então meu tio Pedro foi ver um médico. O médico, sabiamente, mandou-o
    fazer testes e análises de tudo o que poderia ser feito e que o plano de saúde cobrisse.
    Duas semanas mais tarde, o médico disse que os resultados estavam
    muito bons, mas tinha algumas coisas que podiam melhorar. Então
    receitou:
  • Comprimidos Atorvastatina para o colesterol;
  • Losartan para o coração e hipertensão,
  • Metformina para evitar diabetes,
  • Polivitaminas para aumentar as defesas.
  • Desloratadina para uma discreta alergia.

Como eram muitos medicamentos, tinha que proteger o estômago, então
ele indicou Omeprazol e um diurético para os eventuais inchaços.

Meu tio Pedro foi à farmácia e gastou parte da sua reforma em várias caixas requintadas de cores sortidas.
Nessa altura, como ele não conseguia se lembrar se os comprimidos verdes para a alergia deviam ser tomadas antes ou depois das cápsulas
para o estômago e se devia tomar as amarelas para o coração antes ou
depois das refeições, voltou ao médico. Este lhe deu uma caixinha com várias divisões, mas achou que titio estava tenso e algo contrariado.
Receitou-lhe, então, Alprazolam e Sucedal para dormir.
Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico e seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele
passar através do meio, enquanto eles aplaudiam.
Meu tio, em vez de melhorar, foi piorando. Ele tinha todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saia mais de casa, porque
passava praticamente todo o dia a tomar as pílulas.
Dias depois, o laboratório fabricante de vários dos remédios que ele usava, deu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um termômetro, um
frasco estéril para análise de urina e caneta com o logótipo da farmácia.
Meu tio deu azar e pegou um resfriado. Minha tia Mirocas, como de costume, fez ele ir para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel,
chamou também o médico.
Ele disse que não era nada, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de
Amoxicilina. A cada 12 horas, durante 07 dias. Apareceram fungos e herpes, e ele receitou Fluconol com Zovirax.
Para piorar a situação, Tio Pedro começou a ler as bulas de todos os
medicamentos que tomava, e ele ficou sabendo todas as
contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas,
efeitos colaterais e interações médicas.
Leu coisas terríveis. Não só poderia morrer mas poderia ter também
arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, hipertensão,
insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um monte de coisas terríveis.
Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só colocavam para se isentar de culpa.

  • Calma, seu Pedro unão fique aflito, disse o médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotril 100 mg. E como titio estava com dor nas articulações deu Diclofenac.
    Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a aposentadoria, ia direto
    para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente VIP.
    Chegou um momento em que o dia do pobre do meu tio Pedro não tinha horas suficientes para tomar todas as pílulas, portanto, já não
    dormia, apesar das cápsulas para a insônia que haviam sido prescritas.
    Ficou tão ruim que um dia, conforme já advertido nas bulas dos remédios, morreu.
    No funeral tinha bastante gente mas quem mais chorava era o farmacêutico.
    Agora a tia Mirocas diz que felizmente mandou titio para o médico bem na hora, porque se não, com certeza, ele teria morrido antes.

Este e-mail é dedicado a todos os meus amigos, sejam eles médicos ou pacientes.
Qualquer semelhança com fatos reais (não) será “pura coincidência”…
(Autor desconhecido)

Existem cinco coisas antigas que são boas:
Pessoas sábias e idosas.
Os velhos amigos para conversar.
A velha lenha para aquecer.
Velhos vinhos para beber.
Os livros antigos para ler.

Émile A. Faguet
O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão

Gabriel Garcia Marques
Envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto escala, as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais ampla e mais serena.

Ingmar Bergman
Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os próximos trinta, o comentário.

Arthur Schopenhauer
Os velhos desconfiam dos jovens porque já foram jovens.

William Shakespeare
O jovem conhece as regras, mas o velho conhece as exceções.

Oliver Wendell Holmes
Na juventude aprendemos, na velhice entendemos.

Marie von Ebner Eschenbach
A maturidade do homem é ter recuperado a serenidade com a qual brincávamos quando éramos crianças.

Frederich Nietzsche
O velho não pode fazer o que um jovem faz; mas faz melhor.

Cícero
Leva dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar a boca.

Ernest Hemingway
As árvores mais antigas dão os frutos mais doces.

Provérbio alemão
Se na sua família não tem um velho, adote um

Proverbio Milenar Chinês
A velhice tira o que herdamos e nos dá o que merecemos.
Encaminhe para todos aqueles com quem você se importa!

Eu acabei de fazer isso.

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