Grupo Aconchego promove ações que fomentam a autonomia de jovens acolhidos em abrigos
Projeto elaborado pela OSC, visa incentivar o protagonismo de adolescentes em situação de acolhimento institucional no Distrito Federal
Sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre a importância dos cuidados com a juventude, é fundamental para se formar adultos prósperos e seguros. Crendo nesta iniciativa como base social, o Grupo Aconchego – Organização da Sociedade Civil (OSC), com o apoio do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal (CDCA/DF), lançou o Projeto Identidade Promoção da Autonomia e Construção de Projeto de Vida (PIPA).
Iniciativa cujo objetivo é a elaboração de atividades que auxiliem na construção de projetos de vida, promovam autonomia e fomentem o potencial de adolescentes que moram, provisoriamente, em casas de acolhimento. Em tese, o acolhimento institucional ou familiar é uma medida de proteção excepcional e provisória contemplada pelo ECA (Lei 8069/90, art. 101) que defende que esta situação não deve se prolongar por mais de dezoito meses. Entretanto, é comum que muitos adolescentes permaneçam nas instituições até completarem 18 anos de idade, exigindo de toda rede de acolhimento um tempo de preparação para o desligamento do serviço na fase adulta.
Atualmente, Brasília possui 14 instituições de acolhimento e uma de serviço de Família Acolhedora.
Quantidade de acolhidos nas instituições | ||
Faixa etária | Número de acolhidos | |
Crianças de 0 a 12 anos | Cerca de 250 | |
Adolescentes de 12 a 18 anos | Cerca de 150 | |
Instituições que apoiam o programa PIPA | ||
Casa de Ismael | Irmão Áureo | |
Lar Infantil Chico Xavier | Lar Jesus Menino | |
Lar de São José | Nosso Lar | |
Duas casas da rede de Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICA) | ||
Juntas, essas instituições encaminharam 62 adolescentes de 12 a 18 anos incompletos para o projeto. Destes, 49 confirmaram suas inscrições e como participantes.
Ao todo, a equipe técnica do Aconchego formou seis grupos de adolescentes, sendo, cada grupo atendido por dois técnicos da área de psicologia, serviço social ou educação e também dois estagiários do último ano de psicologia para prestar assistência. No cronograma estão previstas a realização de 19 oficinas de atendimento social com cada grupo. Cada oficina apresenta atividades diferentes e são divididas em três etapas:
Autoconhecimento | O tempo antes do acolhimento, o tempo no acolhimento e o tempo futuro. |
Construção do Projeto de Vida | O que eu desejo para a minha vida no futuro? |
A promoção da autonomia | O desligamento e o pós desligamento do acolhimento – minhas rotinas, o autocuidado e a educação financeira. |
Etapas do programa
Com duração total de 12 meses, o projeto se encerra em dezembro de 2022. Iniciado em janeiro com a inscrição de 49 adolescentes de 12 a 18 anos, destes, 43 seguem participando do projeto. No momento, os grupos estão elaborando o projeto de vida e fazendo exercícios para a promoção da autonomia. Até o final do ano, estão previstas duas oficinas de rádio, atividade em que poderão gravar um podcast com suas histórias de vida e um workshop de encerramento.
Propor um espaço de diálogo e formação para profissionais e cidadãos é uma atitude única. “Investir em ações como essa é assegurar um olhar técnico, sensível e de qualidade à infância e adolescência, e consequentemente à toda a sociedade. É gratificante saber que podemos promover mudança na vida de quem mais precisa”, ressalta a psicóloga.
Participação da sociedade
O projeto prevê ainda a realização de ações que promovam a inserção destes indivíduos à cultura, o esporte e lazer, bem como a inserção no mercado de trabalho através de estágios, menor aprendiz e cursos profissionalizantes.
Além disso, conta com a preparação de pessoas da comunidade para exercerem o papel de padrinho ou madrinha de cada adolescente, no qual uma pessoa de referência inclui o adolescente em seu projeto de vida, em sua rede pessoal, proporcionando vivências afetivas que asseguram o desenvolvimento, a autoestima, e o encontro de novas saídas para seus conflitos existenciais.
“Desta forma, atuando como um mediador no momento do desligamento da instituição, podemos dar apoio e auxiliar no seu projeto de vida nos dias que se seguem no pós-desligamento. Quanto mais a sociedade contribui para cuidar e proteger esses jovens, mais chances temos de que ele se saia bem em qualquer caminho que escolher trilhar”, explica a psicóloga e coordenadora do projeto, Maria da Penha de Oliveira.
Sobre o Grupo Aconchego – O Aconchego é uma entidade civil, sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1997, que trabalha em prol da convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento familiar e institucional.
Filiado à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção – ANGAAD, e membro do Movimento Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária – MNPCFC, o Aconchego é reconhecido como referência em Brasília e conta com grande projeção nacional na criação de tecnologias sociais com vistas à garantia do direito das crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária, por meio de ações de intervenção com potencial para a transformação social e cultural.
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