Com Emanuelle Araújo, ‘Chicago’ esbanja sensualidade e se torna atual ao falar de fama momentânea
O sonho de se tornar uma celebridade momentânea não é um desejo tão atual quanto parece. Em um dos maiores clássicos da Broadway, o público se depara com uma Chicago da década de 1920, na qual o show business explora histórias de criminosas que compram as mentiras de um ardiloso advogado, Billy Flynn, que transforma suas defesas em verdadeiros espetáculos midiáticos para conseguir livrar suas clientes da prisão e, de quebra, estampá-las no noticiário local. Mesmo estando em cartaz há 25 anos na Broadway, “Chicago” se torna atual por falar da fama e dos desafios de mantê-la em meio a um mundo tão imediatista e, para isso, coloca em evidência o dilema de duas mulheres: a recém-presa Roxie Hart e a famosa assassina Velma Kelly, que na atual montagem brasileira do musical é vivida por Emanuelle Araújo. “Tem sido uma experiência grandiosa para mim. A Velma Kelly tem preenchido os meus dias de disciplina, concentração, dedicação e muito prazer. O maior desafio é ter pique para tantas sessões, mas o prazer de voltar ao teatro com este espetáculo e trupe deliciosa dá todo o gás necessário”, falou a atriz em entrevista.
“Chicago” estava previsto para estrear em 2020, mas a pandemia fez com que o musical só chegasse ao palco do Teatro Santander, em São Paulo, no início deste ano. Fazendo seis sessões semanais, Emanuelle precisou dar atenção especial à dança, um dos principais elementos desse espetáculo cheio de jazz e sensualidade. “Assim que aceitei o convite, voltei às aulas de ballet clássico. Eu me dediquei muito durante os ensaios para entrar nesse universo das coreografias do Bob Fosse e tudo que envolve esse musical. Tenho me divertido bastante e busco aprimorar os movimentos a cada dia.” A atriz vive um dos papéis mais cobiçados do teatro musical, assim como Carol Costa, intérprete de Roxie, personagem que Pamela Anderson assumiu recentemente na Broadway. “A Roxie e a Velma são o sonho de qualquer atriz de teatro musical, porque são personagens muito complexas e, para fazer ‘Chicago’, você tem que ser uma artista completa. Tem que cantar, dançar e atuar muito bem. O musical inteiro exige isso de todo o elenco. É uma história baseada em fatos reais, então a gente tem que contar com muita verdade cênica e estamos fazendo isso”, afirmou Carol.
A dificuldade em interpretar Roxie está nas várias nuances apresentadas pela personagem durante o espetáculo, indo do ar inocente e sonhador ao ambicioso e sedutor. “Ela tem esse espírito de garota, mas é uma mulher que passou por muita coisa. Sofreu muitos abusos emocionais e físicos, assim como as outras mulheres das histórias contadas no musical. Nada justifica o crime, mas estamos falando de celebridades instantâneas e sonhos. A Roxie tem um sonho e o que é muito especial nisso tudo é que o sonho dela e o meu se encontram de alguma maneira no palco. O dela é ser uma celebridade muito famosa e o meu sempre foi representar essa personagem e protagonizar um musical desse porte”, comentou Carol, que tem chamado atenção em cena pela naturalidade com que transita pelo altos e baixos da protagonista no musical. A atual montagem de “Chicago” também marca o reencontro de Carol com Paulo Szot, com quem contracenou em 2016 em outro clássico, o espetáculo “My Fair Lady”.
O ator demonstra todo o seu talento e familiaridade com Billy Flynn, personagem que interpretava na Broadway até assumir o papel aqui no Brasil. “Acho que o principal motivo de ter aceitado retornar é que aqui é o meu país. Fazer ‘Chicago’ e esse personagem em português me pareceu muito tentador quando recebi o convite”, contou o ator, que é o único brasileiro que já ganhou um Tony Awards – considerado o Oscar do teatro musical americano. Interpretar em sua língua nativa traz, sim, uma nova experiência para Paulo, mas o que torna essa montagem diferente da que está em cartaz em Nova York não é apenas isso. “O cenário do espetáculo é o mesmo em todas as partes do mundo, inclusive na Broadway. Os elementos no geral são os mesmos, o que muda, obviamente, são as pessoas e isso acaba mexendo muito com o espetáculo, porque nós temos que obedecer as marcações, mas cada ator traz a sua identidade, a sua experiência e o jogo cênico é diferente cada vez que você conhece novos atores. Talvez, para mim, esse seja o maior elemento diferente: contracenar com atores brasileiros”, concluiu o artista, que também enfatizou que a troca com o público no Brasil tem sido maravilhosa.
Serviço
- Local: Teatro Santander (Shopping JK Iguatemi – Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041)
- Sessões: Quintas e sextas-feiras, às 21h; sábados, às 17h e 21h; e domingos, às 15h e 19h
- Ingressos: www.sympla.com.br
- Preços: De R$ 37,50 (meia entrada) a R$ 340,00
- Classificação etária: Livre, menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
*Com informações de Jovem Pan