Quando a emoção supera a razão
Belíssima quinta-feira caros leitores apimentados! Hoje trago a vocês um pouco do dia a dia com um sedã médio de luxo dos anos 2000. Trata-se de um BMW série 3 da geração E46, segundo a opinião de muitos: o série 3 mais bem acertado dinamicamente e confortável.
Antes do BMW eu tinha um VW Up TSI na versão Cross. Comprei zero km e tive muitas alegrias, inclusive foi um dos carros que mais me passou confiança e mais me divertiu. Após quase 4 anos com ele resolvi vender e usar parte do dinheiro em um investimento. Não vou negar que foi fácil me despedir do Up, quando o próximo carro era um sonho de infância: meu BMW.
Mas entendam: não era qualquer BMW. Tinha que ser um E36 (1991 – 1998) ou um E46 (1998 – 2004). Carros que fizeram parte da minha infância e adolescência, carros que costumo brincar que se me colocarem de olhos vendados dentro, eu reconheceria pelo cheiro do banco de couro. Mas é uma tarefa difícil encontrar um modelo em bom estado e com preço aceitável, pois atualmente esses carros estão inflacionando mais rápido que a gasolina no Brasil.
Após algum tempo buscando na internet, achei um anuncio com um ano de publicação. O carro era um 330i top 2001 E46, que parecia impecável pelas fotos, inclusive algo que me chamou atenção foi o kit de ferramentas original intacto, algo bem raro hoje em dia. Entrei em contato e solicitei ao dono mais algumas fotos para averiguar melhor, pois o carro estava a 300 km de distância.
Para minha surpresa o carro ainda estava à venda e o dono estava disposto a negociar. Logo comecei a perguntar sobre o estado das torres de amortecedores, sobre manutenções passadas e sobre os documentos. Conversa vai, conversa vem e fiz a proposta. Diga-se de passagem, uma bela canelada: cinco mil reais a menos que o valor pedido no veículo. Depois de quatro dias o dono me respondeu, aceitando a oferta e dizendo que eu poderia buscá-lo.
Como nem tudo são flores, quando fui buscar o carro o dono me relatou que a bomba d’água estava começando a estragar. Tirando isso o carro estava como nas fotos e no anúncio e, como todo bom carro velho, já veio com algumas peças de reposição. Nos primeiros quilômetros de estrada vim devagar observando cada barulho diferente, e pasmem: nesse primeiro trecho de 120 km o carro estava marcando 11,7km/L. Após ouvir os barulhos e ganhar confiança acabei aumentando o ritmo de viagem, pois era por volta de 22h e eu já estava cansado. Mesmo assim me surpreendi com o consumo que baixou para 10,8km/L e ficou fixo nisso.
Quando compramos um carro com motor 6 cilindros 3.0 com 231cv e 30,6kgf/m o foco não é consumo e sim desempenho. E minha BMW me impressiona pois mesmo depois de 21 anos continua saudável e cumpre o que a ficha técnica promete. O 0 a 100km/h está na casa de 7,5 segundos, e facilmente passa dos 200km/h. Na ficha pode chegar até 247 km/h, mas infelizmente não temos pistas boas e seguras para chegar a tal velocidade.
Resumindo: o carro possui faróis de xenon com regulagem automática, retrovisores fotocrômicos e com aquecimento, 8 airbags, sistema de som assinado pela Harman-Kardon com 10 alto-falantes sendo eles 2 subwoofer, teto solar, sensor de chuva, controle de tração, ar condicionado digital, bancos elétricos e do motorista com 3 memórias, rodas de 17 polegadas, freio a disco nas quatro rodas e por ai vai.
Dito isso, talvez agora alguns de vocês me entendem melhor. Sair de um popular para um carro de luxo velho (resto de rico) significa renunciar a economia para ter conforto e acessórios. Isso porque nem citei os drifts que me arrancam sorrisos largos, a sinfonia ao ligar o 6 cilindros, ou até mesmo o fato de sempre olhar para trás quando o estaciono. Para muitos a troca que fiz foi uma loucura, mas a cada dia que passa mais me sinto feliz em dirigir meu resto de rico por aí. Até agora sem problemas graves ou nada fora do normal.
Com essa breve história espero inspirar alguns de vocês a seguirem seus sonhos e irem atrás de belas lasanhas para as suas garagens. Lembrem que histórico de manutenção para esse tipo de veículo é fundamental, encontrando algum em bom estado compre e não irá se arrepender.
Paulo Zartarian, engenheiro mecânico e apaixonado por carros.
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