Os segredos do Poderoso Chefão foram revelados

Dia 14 de março é aniversário de 50 anos do lançamento do clássico “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola. Aqui vão cinco histórias de bastidores sobre a produção dessa obra-prima:

1 – Don Corleone foi inspirado na mãe do autor do livro, Mario Puzo

Puzo era um escritor fracassado, sem grana, cinco filhos para criar, viciado em jogo e com graves problemas de saúde, causados por excesso de peso e diabetes, quando lançou “O Poderoso Chefão” e virou um astro.

Anos depois, Puzo revelou que o personagem de Don Corleone, o capo mafioso vivido por Marlon Brando, foi inspirado em sua mãe, Maria, que falava de forma pausada e sussurrada. E mais: várias das passagens marcantes do livro e do filme foram tiradas de frases e acontecimentos que Puzo presenciou, tanto na extensa pesquisa que fez sobre a Máfia, visitando cassinos e clubes sociais italianos em Nova York, quanto lidando com cobradores mafiosos que vinham lhe tirar dinheiro que havia perdido no jogo.

A frase mais famosa do filme nasceu assim. Puzo visitava um cassino em Las Vegas quando viu o ator David Janssen, que na época estrelava a série de TV “O Fugitivo”, dando vexame numa mesa, bêbado e atormentando outros frequentadores. Um segurança do cassino foi chamado para controlar a situação. Era um sujeito imenso e intimidador. Ele se aproximou de Janssen, que estava muito nervoso e agitado, e falou algo em seu ouvido, o que fez o ator parar e ir embora. Puzo perguntou ao segurança: “O que você disse a ele?” O brutamontes disse: “Fiz uma oferta que ele não pôde recusar”.

2 – Diretor e elenco foram escolhidos por desistência de outros nomes

Se hoje a equipe de “O Poderoso Chefão” é celebrada por sua genialidade, vale lembrar que o diretor e os atores principais não eram, nem de longe, as primeiras opções do estúdio Paramount.

Marlon Brando foi sugerido para o papel de Don Corleone pelo autor do livro, Mario Puzo, mas em 1971, ano de produção do filme, Brando era considerado um ator difícil de trabalhar e que havia passado do auge. Vários astros foram cogitados para o papel, entre eles Orson Welles (que chegou a se encontrar com Puzo), Frank Sinatra, Charles Bronson, Anthony Quinn, Ernest Borgnine, Burt Lancaster e Laurence Olivier.

Para o papel de Michael Corleone, Coppola sempre quis Al Pacino, um ator iniciante. O estúdio obrigou o diretor a testar vários atores – Martin Sheen, Dean Stockwell, Ryan O’Neal, Robert De Niro, David Carradine – e cogitou alguns astros como Alain Delon, Dustin Hoffman, Robert Redford, Warren Beatty e Jack Nicholson, mas Pacino acabou ficando com o papel. E John Cazale, que interpretou Fredo, também era iniciante e foi descoberto por um produtor do filme atuando numa peça em Nova York com Richard Dreyfuss.

O diretor do filme, Francis Ford Coppola, não era a primeira opção da Paramount. Entre os cineastas preferidos pelo estúdio estavam Arthur Penn (“Bonnie and Clyde”), Richard Brooks (“A Sangue Frio”), Costa-Gavras (“Z”), Otto Preminger (“Anatomia de um Crime”), Peter Yates (“Bullitt”) e Sam Peckinpah (“Meu Ódio Será Tua Herança”). Na verdade, Coppola resistiu muito a fazer o filme. Tinha acabado de montar sua produtora e queria fazer filmes pessoais, mas estava duro e precisava da grana. Em 1970, foi a um almoço na casa do amigo Walter Murch, editor e engenheiro de som, e ficou surpreso ao ver Aggie, esposa de Walter, concentrada na leitura do romance “O Poderoso Chefão”, de Mario Puzo. “Não consigo parar de ler”, disse Aggie. Coppola virou-se para outro amigo presente ao almoço, George Lucas, e perguntou: “George, devo fazer esse filme de gângster?” Lucas disse: “Francis, não recuse. Estamos falidos”.

3 – O elenco tinha mafiosos de verdade

Não é segredo que a Paramount, para rodar o filme em Nova York, fez um acordo com Joe Colombo, um mafioso que, à época, liderava uma organização que defendia a “imagem” da comunidade italiana nos Estados Unidos.

Vários personagens do filme são interpretados por pessoas realmente ligadas à Máfia. Uma delas era Gianni Russo, que fez o papel de Carlo, genro de Don Corleone, casado com a filha do “capo”, Connie (Talia Shire, irmã de Coppola). Russo era um ator tão ruim que, em certa cena, Marlon Brando virou-se para Coppola e reclamou que o ator estava estragando as cenas. Russo, sentindo seu emprego ameaçado, puxou Brando de lado e sussurrou em seu ouvido: “Não estrague isso para mim, ou vou comer o seu coração”.

Outro ator ligado à Máfia era Lemmy Montana, um grandalhão de 48 anos que interpretou – na falta de um verbo melhor – o matador Luca Brasi. Lemmy era um lutador de luta-livre que trabalhava como leão-de-chácara para mafiosos em Nova York. Numa coincidência incrível, ele estava na rua, vendo a filmagem de uma cena de “O Poderoso Chefão”, quando foi visto por um produtor, que o levou a Coppola. “Meu Deus, este é Luca Brasi!”, disse o diretor.

Lemmy quase foi despedido porque não conseguia acertar suas falas. Na famosa cena do casamento, em que ele vai a Don Corleone saudá-lo pelo matrimônio da filha, Lemmy atuou tão mal, gaguejando e errando as falas, que Coppola usou sua genialidade para consertar a situação: o diretor criou uma cena anterior, em que Kay (Diane Keaton) vê Luca Brasi decorando, num papel, o que diria diante de Don Corleone.

4 – Cada ator tinha seu “Método”

Quase todo o elenco do filme vinha da escola do “Método”, surgida dos ensinamentos do ator e teatrólogo russo Stanislavski, que dizia, basicamente, que o ator precisava estudar e pesquisar profundamente seu personagem, mimetizando-o à perfeição.

Marlon Brando, conhecido por “penetrar” completamente nos personagens, fez isso: como estava em boa forma física, usava enchimentos pesados nas roupas para aumentar o peso corporal, colocou uma espécie de dentadura para tornar seu queixo mais protuberante e sua fala, mais arrastada, e usava pesos de três quilos em cada pé, para diminuir o ritmo de seu caminhar.

Al Pacino, outro ator obcecado pelo “Método”, emulava seu personagem, Michael, até em reuniões informais do elenco. Quando Coppola reuniu a turma para o primeiro encontro do elenco, Pacino manteve-se propositalmente calado e tímido, exatamente como Michael aparecia no começo do filme.

James Caan passou meses fazendo amizade e convivendo com mafiosos de verdade, a ponto de começar a falar como eles. Um dia, jantando em casa, chocou a família ao dizer em voz alta: “Mãe, passa porra do sal!”. Na famosa cena em que seu personagem, Sonny, explica a Michael (Al Pacino) como atirar em alguém, Caan improvisou uma expressão que ouvira de um mafioso: “E aí você vai, chega perto e… BADA BING!” A expressão, que não estava no roteiro, ficou tão famosa que virou nome do clube de “strip-tease” da série “Família Soprano”.

5 – Vários improvisos se tornaram cenas clássicas

Na famosa cena da execução de Gatto, o roteiro ordenava que o ator Richard Castellano (Clemenza) dissesse apenas “Deixe a arma”. Mas o ator, de improviso, adicionou uma frase que se tornaria clássica: “…e pegue o cannoli”.

A filmagem da cena em que Johnny Fontane (Al Martino) reclama com Don Corleone (Marlon Brando) que um produtor de cinema não quer lhe dar um papel não ia nada bem. Martino atuava de modo canastrão, irritando Brando, que puxou Coppola de canto: “Esse cara está acabando com a cena!” Brando decidiu intervir e improvisou um tapa antológico:

*Com informações de Revista Lado B

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2 Comments

  • Realmente um clássico do cinema !Agora essa de ter mafioso de ve

  • Curuzes kkk

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