Acessibilidade?

Outro dia me sentei em um restaurante com um amigo. A garçonete chega para nos atender, e nos cumprimenta com um sorriso:

  • “Olá Amigues!”
  • “Amigues?”, eu disse, também com um sorriso.
  • “Isso mesmo, somos um restaurante inclusivo!”, ela respondeu com orgulho.
  • “Olha que bom! Isso é ótimo porque em pouco tempo chegará um amigo que é cego. Você tem o cardápio em Braille?”
  • “Não, não temos isso.”
  • “Ok, mas minha esposa também vem, mas vem com minha afilhada, que é autista. Menu com pictogramas, otimizado para pessoas autistas, vocês têm?”
  • “Não, desculpe…”, ela disse visivelmente nervosa.
  • “Não tem problema, isso geralmente acontece. Imagino que a linguagem de sinais para clientes surdos você deve saber certo?”
  • “A verdade é que você está me encurralando”, responde sorrindo de nervoso.

“Os banheiros são acessíveis aos cadeirantes?”

Ela não estava mais confortável, tímida de vergonha, um pouco de culpa e um pouco de desconforto também.
Então eu disse:
“- Não se preocupe, isso geralmente acontece. Mas então lamento dizer que vocês não são um lugar inclusivo, vocês querem estar na moda. Aqui, essas pessoas não conseguiriam se comunicar ou pedir para comer ou beber.
Quer ser inclusivo, inclua todos. Todos aqueles que o sistema não dá oportunidade. É difícil, sim e muito, mas não devemos achar que um E, um X, ou @ no final faz de você inclusivo.

*Por Carlos Eduardo Souza

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