Preparação: você conhece?

Mais uma quinta chegando e mais um texto fresquinho pra vocês, queridos apimentados. Hoje, trazemos uma imersão nas possibilidades de melhoria dos seus possantes e as implicações dessas intervenções.

Tenho certeza que você, caro leitor, já ouviu falar nos famosos chips de potência, filtros mágicos, escapamentos esportivos, molas e amortecedores esportivos e outras melhorias menos conhecidas. Minha primeira dica é: não existe mágica! O time de engenharia da montadora do seu veículo considerou inúmeras variáveis, e, precisou atender o máximo de clientes possíveis antes de lançar ao mercado o produto final. Para isso, também foi considerado o aspecto custo como uma das metas, até porque existem concorrentes no mercado disputando o seu anseio a comprar esse bem.

Dito isso, uma das primeiras coisas que você precisa ter em mente ao “romper o lacre da originalidade” do seu brinquedo é o custo! Sim, caro amigo, ter um carro preparado é caro, e nem sempre isso se limita ao momento da transformação. Dependendo do objetivo, pode-se ter como efeito colateral o aumento do consumo, do custo de manutenção, gastos com regularização no Detran, e por aí vai.

Mas, será que não existe algo “leve”, de fácil modificação que não altere tanto a originalidade e que de forma geral não irá falir seu bolso? Sim!!! Existe essa solução e cabe a você julgar se quer ou não os efeitos dessa mudança TODO DIA te acompanhando. Antes de elencar as principais modificações possíveis, uma dica é fazer um “test drive” em um veículo já modificado para ter CERTEZA que é esse o seu desejo.

Se você chegou aqui e ainda tem confiança em fazer uma modificação, abaixo listarei algumas, como funciona e qual o possível percalço que irá induzir:

  • Chips e piggybacks

São a forma mais comum de modificação e talvez a que uma pessoa leiga consiga perceber o resultado mais facilmente e que, SE EXECUTADO EM UMA OFICINA DE CONFIANÇA, produz menos “efeito colateral”.

Os chips são na verdade reprogramações na sua central eletrônica, onde o preparador otimiza parâmetros do acerto de fábrica, diminuindo a margem de segurança e “adaptando” a eletrônica à melhor condição do seu motor. Com isso, espera-se uma melhoria nos números e também nas respostas do acelerador. Os resultados são maiores com motores turbo e, mesmo que exista uma propaganda com % de ganhos prometidos, cada motor de cada veículo possui um resultado diferente.

Os piggybacks funcionam de forma semelhante, porém de maneira simplificada: eles são aparelhos que interferem nos sinais da central original e por consequência “ajustam” os parâmetros de funcionamento. São equipamentos mais limitados ante as reprogramações, porém não alteram a garantia do veículo, na maioria dos casos.

  • Filtros esportivos, escapamentos/abafadores esportivos e downpipe

Aqui o objetivo é deixar o escoamento dos fluidos de entrada e saída do seu motor otimizado. Para isso, pode-se utilizar filtros esportivos (inbox ou cônico), desde que de modo correto. Não espere resultados na colocação de um filtro cônico admitindo ar quente no meio do cofre do motor ou a utilização dessa peça sem a devida lavagem periódica ou até mesmo com o diâmetro incorreto. Minha dica é sempre procurar um mecânico ou peças que foram feitas exclusivamente para o seu modelo, e considerar uma tomada de ar frio  para ajudar no desempenho. Na opção por utilização de filtros inbox, eles são colocados no local do filtro original e não requerem nenhuma modificação, somente atenção às recomendações do fabricante sobre higienização e condições de uso.

Na parte de escapamento, muitas opções podem ser consideradas, mas atenção: Escapamento serve pra deixar o monstro que habita dentro do seu motor caladinho. Qualquer modificação nele, invariavelmente, irá modificar o ruído e, além de “fora da lei”, pode ser uma tortura para uma viagem em família.

O Downpipe nada mais é do que a parte da “curva” que o escapamento faz e onde fica o catalisador do veículo. Essa peça serve para “filtrar” os gases de escapamento do seu carro e adequar as normas de poluentes vigentes. Sua retirada, além de aumentar a poluição, gera um acréscimo no ruído e também uma ligeira sensação de “carro mais solto”. Mas atenção: retirar o catalisador de um veículo é proibido pela legislação vigente.

Exceto a utilização de filtros inbox, todas as demais geram excesso de ruído e provável perda de garantia de fábrica.

  • Suspensão esportiva e pneus/rodas modificados

Nesse item temos um “divisor de águas”, uma vez que uma modificação na suspensão/rodas do carro pode ter diversos fins: puramente estético, desempenho na rua e foco em pista. Os dois primeiros normalmente não alteram muito o conforto, talvez na altura, o que pode atrapalhar a condução do veículo em locais onde a prefeitura ignora a manutenção da via ou, no caso de veículos off road, onde o inverso é feito, o acréscimo de altura resulta em uma perda de estabilidade em altas velocidades. Pneus de perfil muito baixos também podem ser uma dor de cabeça e gerar furos e bolhas, além de empeno das rodas.  Novamente a fabricante não irá “bancar” a garantia dessas modificações.

Agora, se a escolha é uma suspensão para performance, onde o objetivo é baixar os tempos do cronômetro nas suas voltas, tenha em mente que essa modificação tem 2 caminhos: ou você tem conforto na rua ou desempenho nas pistas. Os dois são praticamente impossíveis, uma vez que as cargas necessárias nessas utilizações são completamente diferentes e isso influi em todo o comportamento a bordo.

Minha dica é sempre procurar kits de empresas com grande experiência no mercado e com resultados comprovados. Fuja dos aventureiros que recondicionam amortecedores sem nenhum tipo de dinamômetro para validação, molas cortadas ou adaptações que não pareçam muito com o trivial. Existem algumas marcas nacionais que atendem bem a todas as variantes de gosto e com preços acessíveis. Sempre deixe claro ao consultor de atendimento o que você espera de resultado para não se frustrar depois de um investimento alto.

  • Buchas de PU e barras estruturais

Essa talvez seja a modificação mais “imperceptível” que temos na lista. Consiste em substituir as buchas da suspensão por compostos mais rígidos, gerando assim uma menor movimentação do conjunto, que por consequência influi na modificação menor nos ângulos durante o curso de funcionamento. Recomendado para fins mais de pista do que de rua, a não ser que o conjunto tenha algum histórico de problemas crônicos com buchas.

O segundo item, de forma diferente, serve para “manter a estrutura no lugar” e, em uso severo, evitar trincas em longarinas, torres de amortecedor etc

No mais meus amigos, você estará mergulhando em um universo sem volta, sobre o qual falaremos futuramente. O que você precisa ter em mente é que modificar um veículo é um ralo de dinheiro, pois por menor que seja a modificação, ela vicia!

William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.

Siga o Perda Total nas redes:

YouTube: www.youtube.com/c/PodcastPerdaTotal

Instagram: www.instagram.com/perdatotal_podcast/

Tiktok: vm.tiktok.com/ZM8GLEo1n/

Facebook: www.facebook.com/perdatotalpodcast

Twitter: twitter.com/PerdaTotal_pod?t=hfooT0-imwj9etnMSABD5Q&s=09

Related post

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *