Por que você não tenta?
Enquanto eu tentava solucionar um problema que veio fruto de outro problema no meu “antigo” (velho mesmo…), me peguei mastigando uma ideia: por que a maioria das pessoas nem tenta resolver os problemas nos seus bólidos? Se eu comentasse sobre o que eu estava passando naquele momento 99,9% das pessoas orientariam carinhosamente: LEVA ESSA JABIRACA EM UMA OFICINA LOGO!
Eu sei, caro leitor: você não tem conhecimento, não tem ferramenta, não tem espaço, não tem tempo…. Mas já parou pra pensar que na maioria das vezes é algo tão simples que uma chave de fenda ou philips e um alicate resolveria? Chegamos ao ponto onde novas gerações chamam o seguro para trocar um pneu furado! Será que desaprendemos a realizar tarefas simples?
Toda vez que me pego pensando nisso lembro dos meus avôs, três, no caso (longa história, fica pra outro texto). Todos super habilidosos, cheios de ferramentas e boa vontade de “arrumar” tudo. Lá em casa, essa época de natal e ano novo era tempo de retirar o exaustor da cozinha (aquele de parede) e fazer a manutenção anual. O objetivo, lógico, era evitar que a sujeira e o rastro de gordura acumulado ao longo do ano fossem percebidos pelas visitas. Eu achava aquela tarefa brilhante, tinha toda uma técnica avançada de luvas, água com detergente quente, desmonta parte elétrica, às vezes trocava rolamentos que já estavam próximos de seu fim… E depois de quase uma tarde de trabalho, estava ele lá, brilhando na parede para mais um ano de serviço. Tudo isso na nossa garagem, usando martelo, chaves básicas e uns metros de fita isolante.
Onde eu quero chegar? Bom, eles não tinham YouTube para assistir um tutorial, não tinham ferramentas da NASA… Era no talento, e magicamente tudo era solucionado. Nos carros é acontece o mesmo. Tenho diversos amigos que nem tentam trocar uma lâmpada de farol. Já leva logo na elétrica pra resolver… Se for um serviço que demande um pouco mais de trabalho, aí que a coisa piora: além de orientarem a levar no especialista, eu já escuto: “tá na hora de vender esse carro! Passou da hora!” Como seriam essas pessoas na fase em que os carros demandavam limpezas constantes do carburador?
Parece que a correria do mundo moderno levou as pessoas a ficarem no que é importante pra sobrevivência e esquecer que PODEM fazer o básico, como trocar pneus na rua sem a ajuda de um estranho, se aventurar a trocar as pastilhas de freio sozinhos, o filtro de combustível ou de ar, e por ai vai. Nada disso requer muitas ferramentas e o máximo que geram de transtornos são as mãos sujas.
Com toda essa reflexão, enquanto tentava descobrir o porquê meu carro misteriosamente parou de marcar o nível de combustível, regado a muito cheiro de álcool (do tanque, eu não estava bêbado), pensei: Como serão os avôs dessa nova geração? Quem os netos vão chegar com um brinquedo estragado e voltar com ele funcionando? Quem vai ensinar os filhos/netos a trocar pneu? Lâmpada? Lá em casa eu sei! Sou eu mesmo, que, inclusive, tem um bordão: Papai conserta tudo.
William Marinho, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.
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2 Comments
Nada melhor do que fazer por si mesmo estas coisa, só quem já eve que fazer um jump em algum fusível ou rele pra saber o que é felicidade, parabéns pelo artigo, top!!
Têm certos problemas que você faz tantas vezes e não dá certo que no fim, você deixa descartado. O odometro da minha Parati quadrada não funciona, já fiz de tudo na maldita engrenagem pra ela funcionar e ela só funciona quando ela quer. Nas minhas atuais condições de estudante, pagar um cara pra arrumar isso é suicídio financeiro, isso sem contar nas peças que não acham… a gente quer fazer tudo e se orgulhar mas quem é entusiasta sabe a frustração que é fazer o mesmo serviço várias vezes e mesmo assim não dar certo.