‘BEBÊS-BANANA’: Médico receitou 200 bananas por semana para curar criança
Diarreia ou prisão de ventre crônica, inchaço na barriga, danos à parede intestinal, falta de apetite, baixa absorção de nutrientes, dores abdominais, anemia, perda de peso e desnutrição. Esses são os principais sintomas da doença celíaca, uma condição autoimune causada pela alta intolerância ao glúten, presente no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados, ou seja, está em pizzas, bolos, biscoitos, pães, cerveja e alguns doces.
A ingestão de qualquer comida que tenha essa proteína provoca dificuldade para o organismo absorver os nutrientes de alimentos, vitaminais, sais minerais e água, porque ataca o intestino delgado.
A doença celíaca pode causar graves problemas de saúde, como câncer e até infertilidade; portanto, seu tratamento é essencial para uma vida saudável, apesar de não haver cura, podendo só ser controlada por meio de uma dieta com ausência total de glúten pelo resto da vida. Mas como saber disso no século passado, quando a Medicina ainda era meio rudimentar e não tinha meios para responder a todos os problemas?
Os “bebês-banana”
A doença celíaca manifesta seus sintomas, geralmente, entre os 6 meses e 2 anos e meio de vida da criança — embora as pessoas com a doença possam também manifestar os sintomas na fase adulta. Então, na década de 1920, a condição era um mistério, e 30% das crianças acabavam morrendo muito cedo devido a isso.
Pensando em parar com as taxas de morte, em 1924, o Dr. Sidney Haas propôs um plano de tratamento para aqueles que sofriam da doença: dar de comer às crianças 200 bananas por semana.
Ele teve a ideia após observar que as pessoas de Porto Rico que ingeriam muita banana não sofriam de doença celíaca, diferente daquelas que comiam muito pão e derivados.
Hass, no entanto, não pensou que a culpa fosse da falta do trigo. Sendo assim, ele também prescreveu que os pacientes comessem muitos laticínios, carnes e vegetais por dia. Como a dieta cortava o trigo e era rica em calorias, funcionou, e foi assim que nasceu o termo “bebês-banana”.
Aos poucos, os pacientes foram se recuperando dos sintomas, então concluiu-se que eles haviam superado a doença por meio da dieta, apesar de não ser bem isso.
Um problema ainda maior
Não demorou muito para que a falta de trigo começasse a enlouquecer os pacientes, então Haas decidiu reintroduzir o glúten, imaginando que as crianças estavam “curadas” após tantas bananas ingeridas.
Esse erro levou a problemas ainda mais graves para os celíacos, porque os sintomas voltaram com força total. Foi só depois que o pediatra holandês Willem Dicke provou que as bananas prescritas por Haas não curavam e que não alteravam em nada no quadro clínico dos pacientes, que a dieta caiu em desuso. Dicke, portanto, acabou se tornando o responsável pela primeira dieta sem glúten da história.
*Com informações do Mega Curioso