Quais são os riscos de segurança ao aceitar os cookies de sites?

Você sabe o que são os cookies? Entenda essa ferramenta que explodiu em popularidade nos últimos anos

Com as legislações seguindo cada vez mais na direção da proteção dos direitos e da privacidade dos usuários da internet, o conceito virou popular por aparecer na página inicial de praticamente todo site ou serviço usado pelos navegantes da internet.

Existe motivo para o crescimento do interesse em cookies. Segundo informações do Google Trends, ferramenta que mostra os termos mais buscados na internet, a pesquisa “cookies o que é” atingiu seu ápice dos últimos 3 anos entre agosto e setembro de 2020 no Brasil, período que coincide justamente com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrando em vigor, obrigando que as páginas avisem seus acessantes como estão usando seus dados.

Porém, uma página avisar que está coletando e armazenando cookies não é o suficiente. Explicamos, a seguir, com a ajuda de Sylvia Bellio, especialista em infraestrutura de TI e CEO da itl.tech, o que são esses dados da internet, seus perigos e quais cuidados você deve tomar com eles.

O que é um cookie?

Os cookies são um protocolo de pacote de dados que se originou ainda na década de 90, visando garantir a comunicação entre os sites e o usuário final. Pensado como uma solução para o e-commerce, o conceito evoluiu e se tornou presente em todos os tipos de páginas na internet. Sylvia Bellio explica:

Os cookies são espécies de arquivos residuais que nós deixamos ao visitar praticamente qualquer site. Eles servem para personalizar a experiência do usuário e identificar a pessoa que está acessando o conteúdo. A partir dos cookies, as páginas têm uma ideia de quem somos e conseguem nos oferecer conteúdos relacionados a coisas que gostamos.

Existem vários tipos de cookies, mas, de forma geral, todos servem para o mesmo propósito de simplificar a navegação na internet. Os pequenos arquivos são enviados para os browsers que as pessoas usam, como o Google Chrome, Firefox, Opera, Safari, Internet Explorer e outros programas, e ficam armazenados neles.

Os cookies guardam as seguintes informações do usuário:

Localização: sites que pedem o acesso à localização do usuário podem converter a informação em propaganda direcionada de lojas próximas do local onde ele mora ou previsão do tempo na região, por exemplo;
Nome: os nomes dos usuários podem ser utilizados para oferecer experiências personalizadas de boas-vindas em uma página;


Gênero: o gênero do usuário pode ser utilizado como um marcador para saber o público-alvo de um site. Com essa informação, o site consegue acordos publicitários mais assertivos;


Endereço de e-mail: como quase todas as informações citadas anteriormente, o e-mail é bastante importante para e-commerces e marketplaces, já que ele pode servir como uma porta de entrada para e-mails de marketings;


IP: o registro do IP, que é como se fosse a identidade de uma pessoa na internet, serve para responsabilizar usuários caso algum crime ou desrespeito às normas, ou termos de uso de um site seja cometido;


Senhas: o registro das senhas é bastante comum em sites que precisam oferecer uma experiência contínua e sem interrupções para os usuários. Grandes plataformas de streaming salvam o registro para que a pessoa não precise inserir a senha novamente a cada vez que um filme ou vídeo é visto, por exemplo;


Páginas acessadas: também comum em sites de comércios eletrônicos, o registro das páginas visitas é importante para que a loja tenha uma noção dos gostos da pessoa e ofereça produtos que se parecem com aqueles que foram visualizados anteriormente;


Número do cartão de crédito: considerado um dos dados mais sensíveis, o registro do número do cartão de crédito serve para facilitar a compra de serviços e produtos online;


Outros usos: além de tudo o que já foi citado, os cookies também armazenam informações da escolha de idioma de um site; itens colocados em um carrinho virtual em uma loja; recuperação de pesquisas anteriores; preferências de layout das páginas; perfis diferentes de usuários e muito mais.


Maturidade da privacidade

Bellio destaca que as discussões sobre privacidade estão cada vez mais maduras, já que há alguns anos o tratamento às informações dos usuários era feito de maneira obscura e muito pouco transparente.

Porém, esses dados também podem apresentar riscos, principalmente na forma como empresas podem utilizá-los. A especialista lembra que após polêmicas recentes como a do TikTok, que supostamente exercia uma vigilância dos usuários e enviava informações para o governo da China, muita gente começou a se dar conta sobre a importância do controle dos próprios dados.

Apesar de motivado por casos de vazamentos, os usuários do mundo todo estão se conscientizando e questionando para onde vão suas informações pessoais. No caso dos cookies a preocupação também precisa existir. Apesar de eles serem importantes aliados na nossa navegação cotidiana, é preciso manter no radar para quem estamos entregando detalhes pessoais.

Ela afirma também que no caso do Brasil, após a aprovação da LGPD explodiram os avisos de cookies nos sites, com eles recorrendo a avisos chamativos que ocupam, às vezes, a tela inteira, estão entre obrigações da nova lei relacionados ao trato de informações pessoais dos usuários, que devem ser informados de todas as atividades.

Como lidar com cookies e termos de privacidade

Mesmo com o aviso aparecendo nas páginas, os cookies não dependem da aprovação dos usuários para começarem a armazenar informações, já que qualquer interação com um site ou preenchimento de um campo de pesquisa já gera informações que podem ser armazenados neles.

Por conta disso, e para melhor ciência dos usuários, Sylvia Bellio elenca 8 dicas importantes para que os usuários controlem seus cookies e saibam como lidar com termos de privacidade:

Nunca aceite um termo sem ler: é essencial ler as normas e políticas de privacidade dos sites. Muitas vezes, as páginas e serviços captam informações que nem imaginamos, como número de telefone, fotos pessoais, dados biométricos, além dos já citados números do cartão de crédito. A obrigação da LGPD de fazer com que os sites ofereçam essas informações pode deixar nossa relação com a internet mais transparente;


Conheça os navegadores utilizados: programas tradicionais como o Google Chrome e Firefox permitem a visualização de todos os cookies e o gerenciamento de acessos. No menu de configuração dos softwares é possível pesquisar pela palavra cookie para criar uma lista de sites que nunca podem usar cookies e até mesmo bloquear todos os cookies, o que não é muito recomendado, já que pode deixar a navegação bastante complicada;


Confira quais acessos foram dados aos sites: além dos cookies, as páginas pedem outras permissões de acesso como notificações (que aparecem no topo esquerdo da tela), imagens, pop-ups, anúncios e outras coisas. Nem todos os sites deixam claro quais permissões eles receberam com o aceite do usuário, o que abre brechas para desinformação e má-fé. Por isso, é importante acessar as configurações do navegador para verificar o que os sites estão acessando;


Apague os cookies com frequência: é importante que o usuário crie o hábito de apagar os cookies com certa frequência, que pode ser estabelecida por ele. Apesar de auxiliar a navegação, muitas vezes o acúmulo de cookies está ligado a falhas e problemas no acesso a determinados sites;


Não dê aceites em computadores públicos: a pessoa que utiliza computadores públicos ou até mesmo de pessoas conhecidas precisa ficar atenta com os aceites dos termos de privacidade. Eles podem salvar as informações no navegador, permitindo que após o uso a outra pessoa tenha acesso a uma conta sua, por exemplo. Tome cuidado;


Utilize o modo anônimo do navegador: uma das formas de navegar com mais tranquilidade em computadores ou celulares de outras pessoas é utilizar uma navegação privada no navegador. Apesar de não ocultar a navegação de uma pessoa (o que só pode ser feito com uma VPN), a técnica permite que cookies, histórico de navegação, informações de formulários e outros detalhes não fiquem salvos;


Fique atento ao celular: o acesso a sites tem se tornado cada vez mais mobile principalmente por causa da portabilidade de um smartphone na comparação com um computador, mesmo um notebook. Por isso, todo o cuidado com cookies e termos de privacidade deve ser pensado também nos smartphones;


Fiscalize o uso de crianças e adolescentes: assim como o do TikTok, que armazena não somente cookies, outros serviços e páginas que fazem sucesso com menores de idade devem ser fiscalizados pelos pais. Ao nível mais básico, os provedores venderão publicidade direcionada e mostrarão conteúdos que os pequenos gostam. Porém, a um nível mais elevado eles podem ser vítimas de uma exposição de dados, incluindo fotos e vídeos. É importante ficar alerta.

*Com informações do Canal Tech

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