ALTER DO CHÃO E OUTRAS PÉROLAS DO RIO TAPAJÓS
A vida é uma viagem. E cada viagem é uma vida. Entre as muitas vidas e as muitas viagens que vivi, essa a Alter do Chão e às muitas praias e enseadas do rio Tapajós, foi com certeza uma das mais emocionantes e completas. Por dez dias, vivi uma sequência de emoções para a alma, para a retina e para o coração. De verdade: o Brasil se revelou pelas entranhas de sua selva, de seus rios, igarapés e pelos habitantes da grande floresta – índios e ribeirinhos. Tudo que se falar do cenário, das paisagens e das belezas da região é pouco. Só vendo para crer e agradecer.
MELHOR DESTINO
Conhecer e estudar o Pará é entender que o Estado é reservatório natural de mais de 40% de todo o estoque de água doce do Brasil e 62% de toda a Amazônia. E este patrimônio líquido traz outra consequência: o Pará é guardião de mais de 50% de todos os atrativos turísticos naturais da região. E parte preciosa desse patrimônio está justamente na região do rio Tapajós, onde está inserida Alter do Chão, cantada em verso e prosa pelo jornal inglês The Guardian “como a praia de água doce mais bonita do Brasil”.
E neste final de ano de 2021, os paraenses de Alter do Chão têm outro motivo para se vangloriar: a Pérola do Tapajós acaba de ser eleita como o ‘Melhor Destino Turístico Nacional’ pelo Prêmio UPIS de Turismo. O destino turístico amazônico recebeu 97,55% dos votos, ou seja, está na preferência dos avaliadores do turismo mundial.
O Prêmio UPIS de Turismo é a premiação mais importante do segmento turístico do Distrito Federal. Foi criado em 1991 com o intuito de homenagear personalidades e empresas que contribuem para o desenvolvimento do turismo brasileiro.
Além do reconhecimento do The Guardian, no final de 2018, a vila de Alter do Chão foi eleita pelo caderno ‘Viagem’ do jornal O Estado de São Paulo como um dos 10 melhores destinos para visitar em 2019. Ainda em 2019, foi eleita a número um em destinos nacionais mais procurados para 2020, título dado pelo maior site de voos e hotéis líder na América Latina, o ‘Viaja Já’.
ORIGEM DO NOME ALTER DO CHÃO
De onde vem o nome Alter do Chão? Em 1758, o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil. E uma das ações foi a de mudar os nomes de vilas e localidades brasileiras que tinham nome de santo (dado pelos Jesuítas) adequando-os à identidade portuguesa.
Esse movimento, chamado de Reforma Toponímica, rebatizou muitas localidades brasileiras com nomes de vilas similares existentes em Portugal.
Alter do Chão, por exemplo, é em homenagem a uma vila portuguesa, com o mesmo nome, da região do Alentejo, pertencente ao distrito de Porto Alegre, com 3.600 habitantes. Como aconteceu com Santarém, Belém, Óbidos, Alenquer, Aveiro, Bragança, Monte Alegre, Belmonte e vários outros.
ORIGEM EM PORTUGAL
O ser humano tem uma paixão indomável por cavalos. Dizem os hipólogos (estudiosos de cavalo) que há 4 mil anos o cavalo foi o primeiro e o maior amigo do Homem. Muito antes dos cachorros.
O cavalo passou a ser a mais potente arma de guerra e de trabalhos da História Humana. Os povos bárbaros, as civilizações asiáticas, grega, romana e tantas outras plantaram seu poderio bélico no lombo dos cavalos.
Daí, as coudelarias. Todos os feudos, dinastias, impérios e povos da antiguidade bem como os países dos primeiros séculos tinham estabelecimentos de criação e aprimoramento de cavalos. Para as guerras, para transportes das carruagens reais e muitos outros serviços. Cavalo ganhava guerras. Até mesmo, em 1768, quando o engenheiro inglês James Watt criou a máquina a vapor, ele estabeleceu a medida de força em cavalo (horsepower). Até hoje, a força do motor de carros e aviões etc são medidos em HP.
E por que o nome Alter do Chão se insere na história dos cavalos? Simples, porque Alter é justamente uma raça de cavalo desenvolvida em Portugal, no século 17, para servir a realeza: O Alter Real.
A grande Coudelaria (ou haras) ou o centro de criação e desenvolvimento dessa raça foi num lugar plano, de chão e não pedregoso na região do Alentejo. Daí Alter do Chão.
Aliás, é bom lembrar que a raça brasileira Mangalarga teve como formador principal o cavalo Alter de Portugal. Com o deslocamento da família real para o Brasil, em 1808, vieram também os melhores espécimes da raça Alter da Coudelaria Real de Alter do Chão.
*Com informações da Folha do Meio