5 teorias de como será o fim do mundo
Na ficção científica, encontramos as maneiras mais improváveis de como acontecerá o fim do mundo, mas, na realidade, os cientistas refletem sobre as possíveis catástrofes em escala global que têm potencial de dizimar a humanidade — ou boa parte dela. De um lado, existem alguns eventos que podem ser diretamente conduzidos pela nossa própria espécie, como é o caso de uma guerra nuclear — a história nos mostra que isso não seria tão difícil de acontecer — e, de outro, encontramos os perigos naturais, como os provocados pelas mudanças climáticas já em curso.
O fim do mundo é encarado como um evento hipotético que pode colocar em risco não só a humanidade, como outras formas de vida na Terra; no entanto, temos uma certa tendência a deixar este assunto de lado. Segundo Allan Dafoe e Anders Sandberg, pesquisadores do Future os Humanity Institute, da Universidade de Oxford, nosso cérebro não é bom em dar atenção as possíveis catástrofes, pois ele negligencia por completo eventos de baixa probabilidade ou fora do alcance de nossos olhos — mas isso não nos livra das prováveis ameaças.
Atualmente, cientistas estimam que nosso planeta ainda será habitável por bilhões de anos, mas, nesse tempo, ainda podemos nos surpreender com alguma catástrofe global. No passado, pragas dizimaram até 10% da população mundial e, no passado mais recente, já no século XX, o mundo esteve à beira de uma guerra nuclear por diversas vezes. Nosso planeta já teve alguns “fins do mundo” (ou quase isso) ao longo de sua história; por isso, nesta matéria, listamos cinco teorias que preveem como fim do mundo pode se concretizar, de fato.
Cinco teorias para o fim do mundo
A natureza contra nós
Pesquisas realizadas na última década só reforçaram o que muitos cientistas já alertavam desde e a década de 1970, como é o caso do efeito estufa intensificado por nosso padrão de vida que lança toneladas de gás carbônico para a atmosfera — um dos principais agentes do aquecimento global. Não é à toa que a temperatura média da Terra não para de subir e em ritmo cada vez mais acelerado.
A mudança climática poderá ser ainda mais extrema quando um ou mais pontos de inflexão do sistema climático forem ultrapassados. Quando a curva de um gráfico atinge um ponto crítico em que não há mais retorno, os cientistas chamam aquele de ponto de inflexão — o que, aliás, pesquisas recentes já indicam estar acontecendo no Ártico. E isto provoca um efeito dominó, levando ao colapso dos ecossistemas terrestres e marinhos (dos quais a humanidade é dependente) até o fim deste século.
Embora eles tenham um grau de resiliência, isto é, capacidade de se recuperar naturalmente com o mínimo de efeitos negativos, estes sistemas estão cada vez mais submetidos aos impactos radicais da ação humana. Uma vez destruídos, faltarão recursos essenciais como a água e comida. Outra consequência dessas alterações climáticas são as pandemias que, embora raras, poderão se tornar mais comuns e mais letais — bem mais do que a própria COVID-19 — à medida que espécies perdem seu território e passam a ter contato direto com humanos.
Se medidas urgentes não forem tomadas ainda nesta década, as principais previsões alertam que, até o ano de 2100, teremos atingido níveis críticos para nossa permanência na Terra.
Armas de destruição em massa
Apenas uma ogiva nuclear consegue matar centenas de milhares de pessoas, considerando também suas consequências humanitárias e ambientais que se prologam por anos. Segundo dados da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), atualmente nove países somam um total de 14.000 armas nucleares.
A maior delas tem capacidade destrutiva superior à bomba lançada em Hiroshima, em 16 de agosto de 1945, responsável pela morte de 70 mil pessoas naquele dia e de mais de 150 mil antes do fim daquele mesmo ano em decorrência de sequelas da radiação. Uma explosão nuclear libera tanta energia que mata instantaneamente pessoas próximas a ela, produzindo uma radiação que dura por anos nos ambientes atingidos, capaz de matar e adoecer a população mundial a longo prazo. Especialistas estimam que cerca de 2,4 milhões de pessoas em todo o mundo ainda morrerão de câncer provocado por testes nucleares atmosféricos realizados entre 1945 e 1980.
Apesar de o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TPN, na sigla inglês), criado em 1968 e, hoje, com a adesão de 189 países, buscar pelo fim dessas armas, nada garante que algum país de fora do acordo não venha a provocar uma explosão em escala global em um futuro — e enquanto esse grande número de bombas existir, esta ameaça é real.
Inteligência artificial
A inteligência artificial faz parte de nossas vidas. Graças a ela, conseguimos executar tarefas complexas em questão de segundos — o que, apenas com o nosso cérebro, levaríamos muito mais tempo —, mas também em usos simples, como a criação de uma lista de músicas de acordo com seu histórico de navegação. Estes sistemas inteligentes se tornam cada vez mais complexos e “intuitivos”, mas também são encarados como potenciais perigos à humanidade.
Apesar de levarmos mais tempo para executar tais tarefas, a mente humana tem a vantagem de aprender com o contexto no qual esta inserida, de modo a desenvolver novas habilidades e a isto damos o nome de inteligência geral. Já uma IA depende de ser programada por nós, humanos, para então aprender por conta própria. Entretanto, especialistas temem que esses sistemas inteligentes alcancem um nível “mais humano” — mas, calma, eles não esperam que surja um “robô psicopata” e dizime a população humana, como nos filmes.
A maior ameaça, aqui, é que tal sistema de inteligência seja usado pelas “mãos erradas” e desencadeie uma nova corrida armamentista, dessa vez baseada na IA. Cedo ou tarde, especialistas dizem que esses programas conseguirão executar tarefas da mesma maneira que nós conseguimos, e seu futuro, assim como o nosso, poderá estar à mercê de quem estiver no comando dessas ferramentas inteligentes.
Impacto de asteroide
Antes de mais nada, é importante destacar que a Terra, até agora, não está em rota de colisão com nenhum asteroide realmente perigoso. De acordo com o Center for Near-Earth Object Studies (CNEOS), da NASA, mais de 22.800 objetos com mais de 140 metros de diâmetro foram encontrados, e a órbita de nenhum deles ameaça o nosso planeta. Graças à tecnologia, hoje conseguimos calcular e prever ameaças em potencial, mas ainda não todas.
A cada meio milhão de anos, a Terra é atingida por um asteroide de 1 km de diâmetro. Já as grandes colisões, com objetos de até 5 quilômetros, acontecem em uma frequência menor, uma vez a cada 10 milhões de anos. Acredita-se que um asteroide com diâmetro entre 10 a 15 km tenha sido o responsável por provocar a extinção de 75% das espécies de animais e plantas — entre eles, os dinossauros — no final do período Cretáceo, há 65 milhões de anos.
Embora um asteroide com 10 km de diâmetro não consiga destruir o planeta de uma vez só, ele com certeza provocaria uma série de eventos que comprometeriam a vida na Terra, num “efeito dominó”. Por exemplo, o impacto no final do período Cretáceo teria liberado tantos gases de efeito estufa para a atmosfera, que a luz do Sol ficou bloqueada por anos, reduzindo a quantidade de energia solar que chegava à superfície. Com isso, muitas espécies que dependiam de fotossíntese (e que eram a base da cadeia alimentar) desapareceram. E um evento dessa proporção ainda pode se repetir.
Grande erupções vulcânicas
Há cerca de 250 milhões de anos, uma série de grandes erupções vulcânicas teria comprometido a vida no planeta. De acordo com vestígios encontrados no norte do Canadá, pesquisadores estimam que estes eventos tenham formado nuvens de cinza na atmosfera, além dos gases de efeito estufa. Entre as consequências dessa catástrofe, cerca de 95% da vida marinha e 70% dos seres vivos terrestres teriam sido extintos.
Ainda mais recentemente, há cerca de 70 mil anos, o supervulcão Toba — hoje, Lago Toba, localizado na Indonésia — lançou bilhões de toneladas de cinzas e sulfatos na atmosfera. Especialistas indicam que o evento provocou a queda de 5 °C na temperatura global e alguns argumentam que a erupção causou a maior extinção em massa na história humana. Segundo o Global Challenges Foundation, erupções dessa magnitude podem acontecer a qualquer momento, levando a consequências catastróficas parecidas ou até piores em comparação com as que aconteceram no passado.
Bônus: a “morte” do Sol
Conforme prevê a astronomia, a Terra ainda tem de 5 a 8 bilhões de anos antes que o Sol se torne uma gigante vermelha. Ao fim de sua “vida”, o Sol se expandirá até mais ou menos a órbita de Marte, “engolindo”, portanto, todos os planetas rochosos — incluindo a Terra. À medida que ele perde sua massa, nosso planeta se distanciará dele e o imenso calor já terá evaporado os oceanos, restando apenas uma rocha espacial desértica e com temperaturas altíssimas.
Se nenhuma das teorias do fim do mundo propostas se provar verdadeira até lá, a humanidade precisará alcançar um nível de tecnologia que torne possível a migração da vida na Terra para outros mundos antes que o processo de “morte” do Sol comece. Será que seremos capazes de terraformar e habitar luas de gigantes gasosos no próprio Sistema Solar? Será que, até lá, já estaremos explorando, presencialmente, planetas de outros sistemas estelares? Teremos viajado a uma “Terra 2.0” muito longe daqui e levado a humanidade para prosperar em outro canto da galáxia? Bom, isso só o tempo nos dirá, mas é fato que, de um jeito ou de outro, nosso mundo terá um fim — ainda que isso possa demorar bilhões de anos para acontecer.
*Com informações do Canal Tech.