5 Superdicas para você comprar seu carro usado
Olá galera perdida! Uma excelente quinta feira a todos vocês! 2022 chegou, e nós estamos iguais o Pica Pau no inverno gelado: com a crise sentada na nossa mesa (no caso do Pica Pau era a fome, mas você entendeu…) E você, que juntou aquele dinheirinho suado por 5 anos para comprar seu carrinho zero, agora é obrigado a mudar os planos… “Ai meu Deus, vou ter que comprar um carro usado… E agora?” Calma! Não somos os Ursinhos Carinhosos, mas estamos aqui para te ajudar!
Com os preços em alta e a falta de unidades para entrega, o cenário de veículos zero km está tenso… E, lógico, que isso puxou os preços dos usados para cima. Por isso a FIPE do seu carro, e o IPVA por consequência, subiu tanto ano passado. Assim só resta a nós, simples mortais, cair nesse mar de picaretagens e enganações que é o mercado de usados. Mas existem ilhas de boas opções, e vamos te ajudar a achá-las!
1 – Quilometragem não é tudo!
É difícil vencer esse preconceito, mas é verdade! Assim como existem pessoas de 60 anos com a saúde em dia, existe aquele ser de 30 que já morreu e não foi avisado… Com carros acontece algo semelhante! Uso e manutenção são fatores críticos para o desgaste de qualquer equipamento. Logo, é mais interessante um carro com 110 mil km bem cuidado, com a manutenção em dia, do que um de 80 mil km usado no bagaço. Existe uma época mística na vida de qualquer carro, onde ele sai das mãos de profissionais qualificados para cair em profissionais baratos. Entenda: por profissionais qualificados não queremos necessariamente dizer concessionárias. Existem bons profissionais sem qualquer relação com montadoras. O fato principal aqui é: em algum momento na vida do carro seu dono cansa de pagar caro por um bom serviço e passa a procurar apenas economia. Alguns carros dão sorte, e chegam nesse ponto lá pelos 200 mil km e 15 anos de uso. Outros sofrem mais, e já estão nessa vida com 30 mil km. “Antonio de Deus: como vou saber identificar isso?” Como diria José Maria Eymael: “sinais, fortes sinais!”
Adaptações (famosa gambiarra), soluções provisórias e de gosto duvidoso, peças montadas de maneira diferente da original, etc. podem indicar que a manutenção do carro já vem sendo desconsiderada há um tempo. Como você vai saber achar esses sinais? Com sorte e as próximas dicas, nem vai precisar chegar nesse ponto… Só mantenha sua mente aberta para aceitar altas quilometragens.
2 – Verifique o aspecto de acabamentos e lataria
A regra aqui é simples: se o que você consegue ver que está ruim, o que está escondido está pior. Simples assim. Imagine o cenário: você vai ver um carro que marca 80 mil km no painel. Chegando lá você encontra o volante desgastado, a manopla do câmbio apagada e opaca, bancos puídos, pedaleiras desgastadas, maçanetas arranhadas… Tudo isso indica que, provavelmente, esse carro não tenha só 80 mil km… COMO ASSIM?
Pois é perdidos e perdidas do meu coração… Infelizmente a adulteração da quilometragem é uma prática comum por profissionais anti-éticos que existem no mercado. Existem maneiras de descobrir, ou pelo menos desconfiar, que seu pretendente a carro passou por isso. O primeiro passo é o aspecto geral do carro. Afinal de contas adulterar um odômetro é fácil e barato, mas fazer um carro com 190 mil km parecer ter 80 mil km, não é… Além das características que citei acima, pode acrescentar: folgas em acabamentos e entre peças da lataria, pintura queimada, acabamentos trocados, barulhos… Não é impossível isso acontecer em um carro pouco rodado, mas é bem improvável…
3 – Verifique os carimbos das revisões no manual
Sempre que você leva seu carro para revisão na concessionária o técnico carimba seu manual, certo? E junto com o carimbo ele insere a data e a quilometragem do carro no momento da revisão. Isso faz o registro de revisões ter outra função além de registrar o cumprimento do plano de manutenção: ele mostra o histórico de uso do carro ao longo do tempo. Como assim?
Você está vendo um carro 2014. O carro está bonito, pneus novos, 97 mil km. Show! Aí você vai para o manual, que informa plano de manutenção anual ou a cada 10 mil km. Assim, tá lá, registradinho, bonitinho:
-Revisão de entrega feita em julho de 2014.
-Primeira revisão feita em março de 2015, aos 10523 km.
-Segunda revisão feita em outubro de 2015, aos 20149 km.
-Terceira revisão feita em abril de 2016, aos 29943 km.
-Quarta revisão feita em outubro de 2016, aos 40844 km.
-Quinta revisão feita em janeiro de 2017, aos 59983 km.
-Sexta e revisão carimbada no manual feita em julho de 2017, aos 70192 km.
O que esse histórico nos conta? Que de 2014 a 2017 o carro rodou exatos 70192 km. Isso em 2,5 anos… Algo em torno de 28 mil km por ano. E de 2017 até 2022 ele rodou só 27 mil km? Caiu de 28 mil km para 5,4 mil km por ano? O que aconteceu aqui?
“Ah, é que o segundo dono rodava bem menos…” É… pode ser…
“Ah Antonio, mas o carimbo pode ser falsificado…” Sim, claro! Mas as concessionárias, além de carimbar o manual, inserem no sistema da montadora as informações do carro. Então uma viagem a qualquer concessionária da marca do carro pode validar os carimbos.
“E aí? Como faço para ter certeza se a quilometragem foi ou não adulterada?”
Vem com o tio, porque tem outra maneira de desconfiar:
4 – Verifique as datas de fabricação dos pneus
Ah, os pneus! Eles que garantem nossa segurança, seja no seco ou no molhado, também contam histórias! Você não sabia que cada pneu tem registrado em seu corpo sua data de fabricação? É! Na foto acima, o número “1814” indica que o pneu foi fabricado na 18ª semana de 2014. Olha que mágico!
“Mas Antonio, o que o dito cujo tem a ver com as calças aqui?” Calma, é aqui que a mágica acontece!
Qualquer carro zero km sai de fábrica com pneus fabricados, no máximo, no ano anterior. Logo, um carro 2014 certamente saiu da concessionária usando 4 pneus fabricados em 2014 ou 2013. E um jogo de pneus, bem mantido, com rodízio, dura no máximo seus 70 mil km, com fé em Deus.
Voltando ao carro do nosso exemplo. Você vai olhar os pneus, e os quatro são iguais. Isso é um bom sinal! MAS, todos eles tem data de fabricação de 2019, e já estão no TWI (marcador de desgaste, falamos disso em outro texto…) Ora meu caro Pimentício: com isso eu te digo com certeza quase absoluta que esse carro não tem só 97 mil km. Por quê? Vamos à matemática:
Descobrimos que em janeiro de 2017 o carro tinha 70 mil km. É bem provável que nessa época ele já estivesse no seu segundo jogo de pneus, que certamente seriam fabricados em 2016. Se um carro entrou no seu segundo jogo de pneus em 2017 com 70 mil km, esses pneus teriam obrigação de durar mais 27 mil km e 5 anos. Se eles ainda não estão no carro, algo aconteceu… Minha teoria? Esse carro tem, no mínimo, 200 mil km, e está no fim da vida do seu terceiro jogo de pneus. Eu posso provar? Não! Vale a pena arriscar? NÃO! Mas, se você quiser, ainda há um último passo!
5 – Contrate uma vistoria cautelar
ELA: a vistoria cautelar! O terror dos golpistas! Uma vistoria cautelar, ou perícia técnica, bem feita e séria te conta uma história bem completa sobre o carro, como: quilometragem, acidentes, airbags estourados, pintura, retoques, pendências de documento, sinistros… Enfim, a vistoria cautelar é uma etapa que você não pode deixar de cumprir ao comprar seu carro seminovo, usado, velho, etc. “Ah, mas é muito caro!” Para! Uma vistoria cautelar hoje custa em torno de R$ 300 a R$ 400. E você não vai contratar para todos os carros que você for olhar. Nossa sugestão: use das 4 primeiras dicas para filtrar, e a última para ter segurança na compra.
Bom, espero ter iluminado um pouco o caminho! Se você quiser saber mais sobre essas dicas, assista nosso vídeo no link abaixo:
Um abraço, e até semana que vem!
Antonio Frauches, engenheiro mecânico e entusiasta do mundo automotivo.
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