Campanha eleitoral

Começou a grande corrida pelos votos que ajudarão a definir aqueles que administrarão as cidades pelo Brasil. E o poder dos prefeitos e vereadores eleitos é, realmente, excepcional. Além de governarem suas respectivas cidades, serão os políticos mais próximos das demandas da população. Serão eles que irão direcionar os recursos públicos para atender aos projetos e programas para atender a pessoas com as quais têm muito mais chances de encontrar nas ruas, nos comércios, nos pontos de lazer. Os interesses atendidos são de pessoas muito próximas, portanto capazes de cobrar ou de se decepcionar com mais impacto. E, também, claro, de estarem agradecidas ao se sentirem contempladas em seus anseios em relação ao político eleito. Presidente, Governadores, Senadores estão muito mais distantes e, portanto, precisam trabalhar “por atacado” enquanto Prefeitos e Vereadores atendem ao “varejo”. Assim é também com os Deputados, exceto os Distritais, que têm dupla responsabilidade: de deputados e de vereadores.

E a campanha desse ano de 2024 teve seu início ao mesmo tempo que as Paraolimpíadas de Paris.

Na França são diversas PcD lutando por uma medalha e por reconhecimento de seu esforço, de seu empenho para superar as próprias deficiências. Não é simplesmente pelo ouro paraolímpico; é também pela ultrapassagem de tantos entraves ao próprio desenvolvimento, pelo respeito de suas famílias e da sociedade; pelo direito de ser pessoas e não a deficiência que os acomete; pelo sorriso que vence a dor e o preconceito. Ou como disse um dos tetra-medalhistas brasileiros que não tem uma das mãos: “Daqui a pouco vão faltar dedos para contar tantas medalhas olímpicas”.

Perceba-se nessa fala que não se trata de tristeza ou autopiedade. Aprendemos a vencer com humor e boa autoestima, a comiseração que insiste em nos manter na condição de dignos de pena. E, também, a dispensar migalhas caídas dos banquetes de quem se vale de nossa condição para autopromoção, auferindo recursos em nome desse recorte social e se fartando, por entropia, das possibilidades geradas por esses valores. Muitas PcD aprenderam, a duras penas em alguns casos, a se valorizarem, a se perceberem, como qualquer humano, sujeitos de direitos que buscam respeito e oportunidades e não óbolos e piedade.

Quais os compromissos se esperaram dos empossados a partir de janeiro de 2025? Aquele de que se empenharão pelo desenvolvimento pleno da pessoa? Que farão de suas cidades exemplos de hombridade administrativa? De que serão exemplos de respeito ao erário, ao trabalho de seus cidadãos e às pessoas como um todo, com ou sem deficiências? Trabalharão pelo desenvolvimento do País, pela contribuição exemplar de suas cidades?

Nesses tempos de queimadas devastadoras; de receio pela elevação de nível do Oceano Pacífico que ameaça gerar catástrofes mundiais; em que as relações humanas se ferem diuturnamente entre homens e nações; em que pessoas, cujos conhecimentos são mais rasos que o nível atual do Rio Solimões, se empenham em discutir religiões e credos e não trabalho; sinto que é hora de falar de política como elemento de agregação, desenvolvimento e paz.

Mário Sérgio

Mário Sérgio Rodrigues Ananias é Escritor, Palestrante, Gestor Público e ativista da causa PcD. Autor do livro Sobre Viver com Pólio.

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