10 experimentos bizarros e antiéticos já feitos pela ciência
Ao longo de milhares de anos de humanidade, muitas descobertas importantes já foram feitas para a ciência, nos permitindo viver com o que temos hoje. Infelizmente, muitas dessas conquistas acabam violando códigos de ética que nos preservam como seres humanos, desde um tempo em que nem se falava sobre isso.
De experimentos físicos a psicológicos, com consentimento ou não, a lista dessas ações é grande, provocando choque e revolta. Para entender melhor do que se trata essa questão, confira abaixo uma lista com 10 exemplos de pesquisas científicas antiéticas já feitas na história da humanidade.
1. “Três Estranhos Idênticos”
O primeiro exemplo de experimento científico antiético foi divulgado recentemente, ainda que tenha acontecido há mais de 60 anos. No documentário Três Estranhos Idênticos, disponível na Netflix, vemos a história de três irmãos gêmeos que foram separados no nascimento e entregues para três famílias diferentes, sem que nenhum deles soubessem da existência um do outro por 19 anos.
Quando eles se reencontraram, graças a alguns acasos do destino, a história se tornou extremamente sombria. Eles descobriram que a separação foi orquestrada pela mesma agência de adoção para contribuir com um experimento que buscou analisar a influência do nosso DNA em nossa educação e na forma de agir como ser humano.
O caso ainda não está 100% resolvido, uma vez que os documentos criados pelos cientistas organizadores do experimento, liderado por Peter B. Neubauer, que já morreu, estão em segredo. Além disso, outros gêmeos estavam envolvidos no estudo, alguns deles sem saber disso até hoje.
2. Células de câncer em prisioneiros
Entre os anos de 1950 e 1960, o instituto de oncologia Chester Southam fez uma pesquisa para descobrir como o sistema imunológico de uma pessoa reagiria quando exposto à células cancerígenas. Para chegar a essas conclusões, a decisão foi de injetar essas células em pacientes sem a permissão deles.
Aqueles que sabiam que iriam passar pelos testes, ainda assim, não sabiam de todos os detalhes do que poderia acontecer com eles. O resultado das injeções, claro, acabou resultando no crescimento de nódulos cancerígenos, levando à metástase em um dos casos.
Os experimentos começaram em pessoas já doentes, mas depois passaram a acontecer em indivíduos saudáveis, com os cientistas recrutando prisioneiros para isso. O caso veio à tona quando alguns pesquisadores convidados para os testes se recusaram a participar e fizeram uma denúncia.
3. Testes dermatológicos
A descoberta da Tretinoína, um composto dermatológico, aconteceu de uma forma longa e antiética, ainda na década de 1950. Albert Kligman, dermatologista da Universidade da Pensilvânia, também escolheu usar prisioneiros para testar os seus produtos, deixando neles algumas cicatrizes, além de muita dor.
Cerca de 75 presidiários da Pensilvânia receberam uma pequena quantia de dinheiro para participar do experimento, mas sem saber dos possíveis efeitos colaterais.
4. Irradiação e fertilidade
Em mais um estudo conduzido com prisioneiros, a Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos buscou a ajuda do endocrinologista Carl Heller para descobrir os efeitos da radiação no sistema reprodutor masculino.
Então, entre os anos de 1963 e 1973, o cientista aplicou radiação nos testículos de pacientes da penitenciária de Oregon. Entre as radiações, os participantes também precisaram passar por biópsias e, ao final do estudo, por uma vasectomia.
Ainda que os participantes do experimento tivessem sido pagos para fazê-lo, eles não foram notificados que sentiriam dores extremas, teriam inflamações e ficariam vulneráveis a desenvolver câncer de testículo.
5. Modificação genética
Um dos casos mais recentes é o de He Jiankui, um cientista chinês que revelou, em 2018, ter modificado o DNA de dois bebês gêmeos antes do nascimento para torná-los resistentes ao HIV. Para isso, ele usou a ferramenta de edição genética chamada CRISPR-Cas9.
Logo, os experimentos foram considerados antiéticos por fazerem alterações importantes em humanos, além de ter sido em vão, pois não evita a propagação do vírus. Meses depois, um estudo mostrou que o experimento pode ter deixado sequelas graves para o futuro das crianças, que correm risco de morrer ainda jovens.
6. Surto de hepatite
Na década de 1950, em uma instituição nova-iorquina para crianças com distúrbios mentais, muitas começaram a se contaminar com hepatite devido à falta de condições dignas de higiene. Foi quando o cientista Saul Krugman foi enviado ao local para verificar o que estava acontecendo.
Com a intenção de desenvolver uma vacina, ele acabou colocando em prática um experimento que infectaria ainda mais crianças com a doença. Além de receberem injeções com o vírus, o médico chegava a misturar as fezes de crianças contaminadas em bebidas com chocolate para avaliar a imunidade contra a doença. A prática, bastante controversa, acabou contando com a aprovação de muitas famílias desesperadas para conseguirem uma vaga em uma instituição do tipo.
7. Projeto MKUltra
Durante 20 anos, de 1953 a 1973, o Projeto MKUltra, patrocinado pela CIA, aplicou diversas formas de manipulação da mente em cidadãos dos Estados Unidos e do Canadá. Inconscientes, essas pessoas receberam tratamentos com drogas que alteram o estado mental, como o LSD, passando ainda por privação sensorial, abuso verbal e sexual, entre outras formas de tortura.
Os testes aconteciam em empresas farmacêuticas, hospitais, prisões e universidades para desenvolver materiais químicos. Após uma investigação ser feita pelo Congresso, os experimentos foram encerrados.
8. “Cura” da homossexualidade
Durante o Apartheid, em 1969, um programa de tortura médica chamado The Aversion Project aconteceu na África do Sul, sob liderança de Aubrey Levin. Nele, soldados homossexuais eram torturados com a justificativa de “cura” da homossexualidade.
Entre os experimentos estava usar terapias de aversão eletroconvulsivas, que amarravam eletrodos ao redor do braço do paciente com um mostrador calibrado de 1 a 10. Então, eles eram obrigados a ver fotos de homens nus e incentivados a fantasiar sobre elas. Era quando os choques eram liberados. Os testes acabaram após acusação de violação dos direitos humanos.
9. Mosquitos infectados
Entre 1956 e 1957, o Exército dos Estados Unidos conduziu experimentos biológicos na cidade de Savannah, na Georgia, e em Avon Park, na Flórida. Nesses testes científicos, milhões de mosquitos infectados foram soltos carregando dengue e febre amarela, com o objetivo de descobrir se eles poderiam passar as doenças para os habitantes.
Os moradores das cidades, de fato, contraíram diversas doenças, apresentando sintomas como febre, problemas respiratórios e encefalites. O caso chegou a provocar a morte de bebês durante o nascimento. Para avaliar os resultados, os membros do exército se disfarçavam de trabalhadores da saúde pública. Diversas pessoas morreram.
10. Radiação em grávidas
Logo ao fim da Segunda Guerra Mundial, médicos norte-americanos quiseram testar os efeitos da radioatividade em possíveis guerras químicas, e deram bebidas radioativas para 829 mulheres grávidas.
Elas acreditavam que se tratava de uma vitamina, mas em vez disso estavam ingerindo ferro radioativo para os cientistas estudarem a velocidade em que o radioisótopo penetrava na placenta. Anos depois, ao menos sete bebês morreram de câncer, como a leucemia.
*Com informações do Canal Tech